
O Brasil vive uma verdadeira febre do ouro no século XXI — só que do tipo que ninguém quer ver. Nos últimos meses, as forças de segurança têm interceptado carregamentos absurdos do metal precioso, em quantidades que fariam os bandeirantes corarem de inveja.
Imagina só: malas térmicas, compartimentos secretos em ônibus, até mesmo dentro de peças de carne congelada. A criatividade dos contrabandistas parece não ter limites — mas a fiscalização está de olho.
Números que impressionam
Só nos últimos três meses, mais de R$ 150 milhões em ouro foram apreendidos em operações pelo país. A última grande ação aconteceu na rodovia que liga Goiás a São Paulo, onde um caminhão aparentemente comum escondia 50 kg do metal — avaliado em cerca de R$ 12 milhões.
"É como jogar gato e rato, só que com apostas altíssimas", comenta um agente da Receita Federal que prefere não se identificar. "Eles inventam um jeito novo, a gente descobre, e o ciclo recomeça."
As rotas do ouro ilegal
Os especialistas apontam três principais fluxos:
- Norte do país: extração em áreas protegidas ou sem licença
- Centro-Oeste: "lavagem" da origem ilegal
- Sudeste: saída para o exterior, principalmente via aeroportos
O que mais preocupa? Parte desse ouro pode estar manchado por crimes ambientais e trabalhistas. "Tem história triste por trás de cada grama", alerta uma pesquisadora da UFMG.
E não é só Brasil que sofre. A Interpol já alertou sobre o aumento no comércio ilegal de metais preciosos na América Latina. Parece que a crise global fez todo mundo querer seu pedaço do tesouro — custe o que custar.
Enquanto isso, os fiscais seguem na caçada. "Toda apreensão é uma vitória", diz o delegado responsável por uma megaoperação em Minas. Mas ele admite: "só arranhamos a superfície do problema".