BA: Operação prende quadrilha por tráfico de animais silvestres no Recôncavo Baiano
BA: Polícia prende quadrilha por tráfico de animais

Era mais uma terça-feira aparentemente comum no Recôncavo Baiano quando a rotina de dois sujeitos foi interrompida de forma brusca. A Polícia Civil, agindo com precisão cirúrgica, fechou o cerco contra uma rede de tráfico de animais silvestres que operava na região. Dois homens, cujos nomes ainda não foram divulgados, agora respondem por crimes ambientais gravíssimos.

O que choca mesmo é a frieza com que agiam. Não se tratava de um ou outro pássaro — eram dezenas de seres vivos, arrancados de seu habitat natural para alimentar um comércio cruel e ilegal. Papagaios, periquitos, jabutis... criaturas que deveriam estar voando livres ou se movendo calmamente pelo solo, confinadas em condições precárias.

Operação foi resultado de investigações

Detalhe importante: a operação não surgiu do nada. Investigadores vinham há semanas coletando informações e monitorando suspeitos. A quebra de sigilos e o trabalho de inteligência foram cruciais para identificar não apenas os alvos principais, mas também possíveis rotas de escoamento.

Quando a ação foi deflagrada, na terça-feira (5), os policiais sabiam exatamente onde mirar. Dois endereços em Santo Antônio de Jesus foram vasculhados minuciosamente. E foi justamente nesses locais que a realidade nua e crua veio à tona: gaiolas superlotadas, animais estressados, alguns até machucados. Uma cena de partir o coração de qualquer um que tenha mínimo apreço pela natureza.

Lista do que foi apreendido é longa e triste

  • Diversos papagaios-verdadeiros — aqueles lindos, que a gente vê voando em bandos
  • Vários periquitos, cheios de cores, mas sem a liberdade que mereciam
  • Jabutis, criaturas pacatas que viraram mercadoria ilegal
  • E até uma curiosa cobra da espécie jiboia, enrolada num canto, longe de seu ambiente

Os animais, felizmente, foram encaminhados para o Ibama. Lá, passarão por avaliação veterinária e, quem sabe, muitos poderão ser reintroduzidos na natureza — onde sempre deveriam ter permanecido.

Os dois presos em flagrante agora enfrentam as consequências. O crime de tráfico de animais silvestres não é brincadeira — a legislação ambiental brasileira é dura nesse aspecto. E ainda bem que é. Eles responderão pelo artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais, que prevê detenção de seis meses a um ano, além de multa. Considerando a extensão do esquema, a pena pode ser aumentada.

O que me deixa pensativo é: será que a gente realmente aprende? Enquanto houver gente disposta a pagar fortunas por um animal silvestre em casa, como símbolo de status, redes como essas vão continuar existindo. É um comércio que movimenta dinheiro sujo às custas do sofrimento alheio — no caso, de seres que não podem falar por si.

Fica o alerta, e também o reconhecimento ao trabalho da polícia e do Ibama. Operações como essa mostram que, ainda que devagar, a justiça ambiental avança. E que crime, especialmente contra a natureza, não ficará impune.