
Numa ação que mistura coragem e denúncia anônima — porque é assim que essas coisas costumam acontecer —, agentes ambientais derrubaram mais uma rede de tráfico de animais no Recôncavo Baiano. Não foi pouco: 150 aves silvestres, muitas delas cantadeiras de espécie ameaçada, estavam prestes a seguir viagem para o comércio ilegal.
Dois homens, ainda não identificados oficialmente (mas já bem conhecidos pelas autoridades), foram pegos de surpresa durante a operação. Eles responderão por crime ambiental — aquele mesmo, da Lei 9.605/98, que não perdoa quem mexe com bicho silvestre.
Entre as espécies resgatadas, estavam coleiros, curiós e até bicudos — pássaros que, convenhamos, valem mais voando livres do que presos em gaiolas sujas. Alguns tinham claros sinais de maus-tratos. Outros, nem sequer se alimentavam sozinhos.
Como a operação foi realizada?
Uma denúncia anônima deu o pontapé. O Ibama e a Polícia Ambiental se mexeram rápido — coisa rara, mas que acontece. Apreensões aconteceram em uma propriedade rural nos arredores de Santo Antônio de Jesus. Lugar tranquilo, até demais para esconder tanto sofrimento.
Os animais estavam amontoados. Uns em gaiolas minúsculas, outros soltos, mas sem condição de fugir. Todos foram levados para o Cetas, o centro triagem que funciona como UTI para bicho vítima de humano.
E agora, o que acontece com as aves?
Boa pergunta. A maioria passa por avaliação, recebe cuidados e — quem dera — pode ser devolvida à natureza. Mas não é sempre que a história termina bem. Algumas aves, acostumadas à presença humana, perdem a chance de voltar para o mato.
Os traficantes, por sua vez, respondem a processo. Multa pesada pode chegar — e esperamos que chegue —, mas todo mundo sabe: o problema não é só prender, é impedir que o comércio continue.
Por enquanto, a operação serve de alerta. O tráfico de animais silvestres ainda é realidade no interior baiano. E, infelizmente, enquanto houver quem compre, vai continuar havendo quem venda.