
Parece que os QR codes nos pontos de ônibus do Distrito Federal ainda não conquistaram o coração — ou melhor, os smartphones — dos passageiros. A novidade, que prometia agilizar o pagamento das passagens, enfrenta uma combinação desanimadora: pouca gente usando e sistemas travando quando menos se espera.
"Já tentei três vezes essa semana e só funcionou uma", conta Marcos, um estudante que prefere não dar o sobrenome. "Quando dá certo, é rápido. Mas aí no dia seguinte o aplicativo simplesmente não reconhece o código." Frustração que ecoa entre outros usuários ouvidos pela reportagem.
O que está dando errado?
As falhas, segundo a Secretaria de Mobilidade, são "pontuais" — termo técnico para "acontece, mas não sabemos exatamente porquê". Problemas de conexão com a internet nos terminais e sincronização com os aplicativos bancários lideram as queixas.
- 30% dos dispositivos apresentaram falhas intermitentes
- Adesão abaixo de 15% nos horários de pico
- Tempo médio de transação: 12 segundos (quando funciona)
Curiosamente, nos testes internos tudo ia bem. Mas colocar a tecnologia no mundo real — com sua imprevisibilidade de sinais, pressa e chuva — mostrou-se um desafio bem maior.
E agora?
Enquanto ajustes técnicos são feitos, resta aos passageiros a velha e boa catraca. "Não dá pra confiar no que pode ou não funcionar", resume dona Maria, 62 anos, enquanto guarda o bilhete único no fundo da bolsa com ar de quem não vai arriscar.
O GDF garante que a fase de testes vai continuar por mais dois meses antes de qualquer decisão sobre expansão. Até lá, o recado parece claro: tecnologia é ótima, mas só quando funciona na hora que a gente precisa.