Numa decisão que promete sacudir o cotidiano dos usuários de ônibus em Pouso Alegre, os vereadores bateram o martelo nesta quarta (24) sobre um projeto que não vai deixar o tema do assédio sexual escondido debaixo do banco. A partir de agora, a prefeitura terá que botar a mão na massa pra criar campanhas educativas - e a grana pra isso já tá garantida no orçamento.
Não é pouca coisa, viu? A ideia é espalhar cartazes, distribuir folhetos e até treinar motoristas pra identificar e agir nesses casos. "É um começo", diz Maria do Carmo, ativista que há anos luta por isso. "Mas ainda falta muito. Só no mês passado, três mulheres me contaram casos no trajeto pro trabalho".
O que muda na prática?
- Ônibus vão ganhar adesivos com números de disque-denúncia
- Motoristas e cobradores receberão treinamento específico
- Campanhas mensais nas redes sociais da prefeitura
- Parceria com aplicativos de transporte pra ampliar o alcance
Curioso é que o projeto quase ficou engavetado - teve vereador que alegou "gastos desnecessários". Mas aí veio a pressão das ruas: um abaixo-assinado com mais de 2 mil assinaturas e protestos organizados pelo coletivo "Mulheres na Rota". "A gente cansou de ouvir que 'isso é normal'", dispara Juliana, uma das organizadoras.
E olha só a ironia: enquanto discutiam o projeto, duas adolescentes relataram assédio justo na linha que passa em frente à Câmara. Coincidência? Pra quem vive isso diariamente, certeza que não.
E os próximos passos?
O prefeito tem 15 dias pra sancionar - e tudo indica que vai rolar. A partir daí, começa a corrida contra o relógio: em 60 dias as primeiras ações precisam estar nas ruas. Resta saber se vão colocar carne no fogo ou se vai ser mais daquelas campanhas meia-boca que ninguém vê.
Uma coisa é certa: se depender das mulheres de Pouso Alegre, essa história não vai morrer no papel. Como diz dona Marta, diarista que pega ônibus desde os 14: "Tá na hora da gente viajar sem medo. Simples assim".
