
O silêncio pesado no campus da UFPA nesta quinta-feira (18) dizia mais que mil palavras. Sob um céu cinzento — daqueles que parecem compartilhar a dor —, os corpos dos três estudantes vítimas do trágico acidente na BR-153 chegaram ao velório coletivo acompanhados por um corredor humano. Gente comum, muitos deles desconhecidos, que batiam palmas num gesto espontâneo de respeito. Algo entre um adeus e um "não esquecemos".
Era possível ver de tudo um pouco: desde colegas de faculdade segurando fotos dos jovens até senhoras que pararam a caminho do mercado para fazer o sinal da cruz. A cena lembrava aqueles filmes em que a comunidade vira personagem principal da própria história. Só que aqui, infelizmente, não era roteiro.
Detalhes que doem
O acidente — um daqueles que a gente torce para nunca ver na vida — aconteceu na curva do quilômetro 72, trecho conhecido pelos motoristas como "boca do inferno". Testemunhas contam que uma carreta perdeu o controle e varreu o carro em que os jovens estavam. Dois morreram na hora; o terceiro não resistiu ao chegar no hospital.
"Eles iam comemorar a formatura do amigo", disse uma tia de um dos estudantes, segurando um ursinho de pelúcia que pertencia ao sobrinho. Coisas simples que viram relíquias de repente.
Universidade em luto
A UFPA preparou o auditório central para receber os caixões — espaço que normalmente ecoava debates acadêmicos, agora abrigava prantos e flores murchando no calor paraense. A reitoria decretou luto oficial de três dias, mas todo mundo sabe que a dor vai durar bem mais.
Enquanto isso, nas redes sociais, a hashtag #BR153Mata ganhava força. Uma ironia amarga: a mesma rodovia que liga vidas também as leva embora tão cedo. E a pergunta que ninguém responde: até quando?