Era para ser o dia mais feliz da sua vida. O ponto de virada. O momento que justificaria todos os treinos sob sol quente, todas as bolas divididas, todo suor derramado. Kevin Andrés Montaño, um garoto de apenas 17 anos com os pés abençoados e um futuro que brilhava intensamente, estava a caminho de fazer história.
Mas o destino, esse escritor de roteiros impiedosos, tinha outros planos. Um plano terrível e definitivo.
Naquela terça-feira, 25 de junho, Kevin viajava pela Rodovia 70, no departamento de Sucre, na Colômbia. O carro em que estava, cheio de esperanças e expectativas, sofreu um acidente brutal. Uma colisão violenta que silenciou para sempre a promessa de um menino que carregava nos pés os sonhos de uma família e de uma nação futebolística.
A ironia mais cruel? Kevin não estava apenas viajando. Ele estava em trânsito para o aeroporto. De lá, embarcaria para os Estados Unidos, onde assinaria seu primeiro contrato profissional com o Santa Cruz Blue, um clube da USL League Two. As malas estavam prontas. O coração, deve ter estado aos pulos.
"Ele era um jovem extraordinário, com um talento nato e uma humildade que contagiava", disse um dirigente do clube, em nota cheia de lamento. A frase soa como um epitáfio para uma carreira que nem chegou a desabrochar. O Santa Cruz Blue, que esperava anunciá-lo como uma grande contratação, se viu forçado a publicar uma nota de pesar. A vida dá voltas inacreditáveis.
O que dói, além da perda óbvia de uma vida tão jovem, é o "e se...". E se o acidente não tivesse acontecido? E se ele tivesse saído cinco minutos mais tarde? Essas perguntas ficarão pairando no ar, sem resposta, como um fantasma para todos que acompanhavam sua trajetória.
Kevin Montaño não era apenas mais um jogador. Era a materialização de um esforço coletivo. Representava aquela chama de esperança que mantém milhares de garotos latino-americanos treinando incansavelmente, acreditando que o futebol pode ser sua escada para um mundo melhor.
Sua partida deixa um vazio profundo no futebol colombiano e serve como um lembrete sombrio e doloroso de como tudo pode mudar em uma fração de segundo. A estrada é implacável, e o futuro, um contrato nunca assinado.
Descanse em paz, Kevin. O jogo no céu ganhou um talento extraordinário.
