
Era um daqueles dias em que o sol castiga sem piedade o asfalto da SP-255, rodovia que corta Avaré como uma cicatriz no mapa. Foi nesse cenário — quase cinematográfico em sua crueza — que um motorista de caminhão, parado para um cafezinho rápido, notou algo estranho: um carro prata, modelo antigo, estacionado há quem sabe quanto tempo no acostamento.
Não era o tipo de coisa que chama atenção à primeira vista. Até que ele se aproximou.
O cheiro. Aquele odor que gruda na memória e não sai mais. Foi o que o levou a chamar a Polícia Militar por volta das 10h da manhã desta segunda-feira (18). Quando os agentes chegaram, a cena era digna de filme policial: dentro do veículo, um homem — identidade ainda não revelada — já em estado avançado de decomposição.
O que se sabe até agora?
Segundo o tenente Rocha (nome fictício, porque a PM não liberou a identidade), o corpo estava no banco do motorista. "Não havia sinais óbvios de violência, mas também não podemos descartar nada", soltou, com aquela cara de quem já viu de tudo nessa vida. O carro, um velho Gol prata, tinha placas de Ourinhos — cidade a uns 100 km dali.
Detalhe macabro: as janelas estavam fechadas. E o calor dos últimos dias em São Paulo não perdoa. Imagina o forno que virou aquele interior de metal...
- Perícia marcou presença no local
- Nenhum documento foi encontrado no veículo
- O IML levou o corpo para autópsia
Moradores da região — aqueles que sempre sabem de tudo — comentam que o carro estava ali desde sábado. "A gente até estranhou, mas pensou que era algum viajante descansando", contou Dona Maria, dona de um boteco próximo, enquanto servia um café bem carregado.
E agora?
A Delegacia de Homicídios de Avaré assumiu o caso. Eles vão verificar se o homem tinha passagem pela polícia, cruzar dados com desaparecidos na região, o básico do protocolo. Enquanto isso, o carro — agora selado como prova — foi levado para o pátio.
O que mais intriga os investigadores? A ausência de qualquer sinal de luta ou arma no local. Será que foi um mal súbito? Um crime perfeito? Ou só mais um triste episódio da vida nas estradas brasileiras?
Enquanto as peças desse quebra-cabeça não se encaixam, resta o silêncio pesado na rodovia. E o mistério — sempre o mistério — pairando no ar quente do interior paulista.