
Imagine só: você está seguindo sua viagem tranquilamente pela CE-060, aquela estrada que corta o Cariri cearense, quando de repente se depara com um verdadeiro tapete de pedras espalhadas pela pista. Foi exatamente esse cenário perigoso — e completamente evitável — que transformou a tarde de terça-feira, 30 de setembro, numa tragédia anunciada.
Aconteceu por volta das 16h30, no trecho que liga Juazeiro do Norte a Barbalha. Um caminhão — desses que transportam material de construção — simplesmente deixou cair um monte de brita bem no meio da via. E olha que não foi pouquinho não: formou uma montanha de pedriscos que qualquer um diria ser uma armadilha mortal.
O Desastre que Poderia ter Sido Evitado
E eis que surge um Ford Ka, azul, placas de Juazeiro do Norte, com três pessoas a bordo. Ao se deparar com aquela barreira improvisada de brita, o motorista tentou o impossível: desviar. Mas entre a surpresa, a velocidade e a física cruel das leis do trânsito, o carro simplesmente capotou. Várias vezes.
Dentro do veículo estava Maria das Dores Alves Ferreira, 74 anos. Uma senhora que, imagino, devia ter planos para o jantar, talvez uma novela para assistir, netos para abraçar. A vida inteira pela frente, mesmo aos 74. Ela não resistiu aos ferimentos. Faleceu no local.
Os outros dois ocupantes — um homem de 52 anos e uma mulher de 48 — sobreviveram, mas com ferimentos. Foram levados às pressas para o Hospital Regional do Cariri. A sorte — se é que podemos chamar assim — foi que não estavam sozinhos.
O Que Dizem as Autoridades
O caso está sendo investigado pela 20ª Companhia do 4º Batalhão de Polícia Rodoviária Estadual (BPRE). Eles confirmaram o óbito da idosa e os ferimentos dos outros dois. Mas o que realmente me deixa pensando é: como é possível que um caminhão simplesmente espalhe material pela estrada e siga seu caminho como se nada tivesse acontecido?
O amontoado de brita foi removido depois do acidente, é claro. A via foi liberada. A vida segue. Exceto para dona Maria das Dores, é claro.
Parece até cena de filme de terror — aqueles onde o perigo surge do nada, sem aviso, sem placa, sem sinalização. Só que essa tragédia foi bem real, aconteceu aqui no nosso quintal, no coração do Cariri.
Reflexão Necessária
Quantos outros "montes de brita" andam por aí, esperando pelo próximo acidente? Quantos caminhões transportam carga de qualquer jeito, sem a devida segurança? E quantas vidas precisam ser perdidas antes que alguém tome uma atitude?
O caso vai seguir sendo investigado, diz a polícia. O condutor do caminhão — se é que alguém vai encontrá-lo — responderá pelo ocorrido. Mas a pergunta que fica, e que dói na alma, é: valeu a pena? Valeram as pressas, o descuido, a negligência?
Enquanto isso, famílias se despedem. O trânsito segue. E a brita — essa maldita brita — agora está espalhada nas lembranças de quem perdeu alguém que amava.