Imagine a cena: uma madrugada qualquer, o trânsito de Florianópolis ainda dormitando, e um Corsa branco cortando as ruas como se a vida dependesse disso — porque, de fato, dependia. Dentro, dona Maria, 62 anos, mãos firmes no volante e coração batendo mais rápido que o velocímetro, enquanto a neta, lá atrás, gritava entre contrações que não davam trégua.
— Vó, ele tá vindo AGORA! — berrou a jovem, suando mais que maratonista em dia de verão.
E assim, entre a Avenida Beira-Mar e o Hospital Florianópolis, a vida decidiu fazer sua estreia sem bilhete marcado. O bebê — um menino robusto de 3,8kg — chegou ao mundo no banco traseiro, assistido pela avó que, pasmem, nunca tinha visto um parto sequer na televisão.
"Foi tipo trocar pneu com o carro andando"
— Eu só lembrava dos documentários do Discovery Channel — confessou dona Maria depois, rindo nervosamente — Parecia aqueles vídeos de "faça você mesmo", só que com mais sangue e menos instruções.
O vídeo, gravado por um motoboy que parou para ajudar (e quase desmaiou), mostra a cena digna de Oscar: a avó, de um lado, segurando a neta como quem amarra um pacote surpresa; o recém-nascido, do outro, chorando com vontade; e o cinto de segurança balançando como testemunha muda do caos.
O que dizem os especialistas
Obstetras ouvidos pela reportagem disseram que, embora não seja o ideal, partos assim acontecem mais do que se imagina. "A natureza tem pressa às vezes", comentou o Dr. Carlos Mendes, que já atendeu cinco casos similares só este ano. "O importante é que mãe e bebê estejam bem — e que o carro tenha bancos de couro, facilita na limpeza".
Mãe e filho passam bem no hospital. Já o Corsa branco... bom, esse vai precisar de uma detalhizinho.
