
Imagine ter um diagnóstico de câncer nas mãos e descobrir que sua prioridade no sistema público de saúde simplesmente evaporou. Pois é exatamente isso que está acontecendo neste momento com milhares de brasileiros.
O Ministério da Saúde, numa daquelas jogadas que deixam todo mundo de cabelo em pé, decidiu acabar com a fila prioritária para casos oncológicos. Agora, pacientes com câncer ficam na mesma fila única que quem precisa de uma cirurgia de hérnia ou uma ponte de safena.
O que muda na prática?
Agora a regra é clara (e cruel): entra na frente quem chegou primeiro. Ponto final. Não importa se seu tumor está crescendo a cada semana ou se o tratamento não pode esperar.
Médicos que trabalham no SUS estão absolutamente horrorizados. Um oncologista que preferiu não se identificar me confessou: "É como mandar um paciente com hemorragia para a fila da vacina. Não faz o menor sentido do ponto de vista médico".
O que dizem os números?
A situação já era dramática antes dessa mudança. Só no ano passado:
- Mais de 700 mil pessoas esperavam por cirurgias eletivas
- Quase 100 mil aguardavam procedimentos oncológicos
- O tempo médio de espera beirava os 6 meses em alguns estados
E agora? A tendência é que esses números disparem de forma assustadora.
Reações e protestos
As entidades médicas estão fazendo barulho. E como! A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica soltou uma nota tão dura que até parece queimou o papel.
Já o Ministério da Saúde tenta se defender dizendo que a medida "otimiza recursos" e "democratiza o acesso". Democratiza o quê? A dor? O desespero?
Pacientes e familiares estão se organizando nas redes sociais. Grupos de WhatsApp fervilham com histórias de gente que já remarcou cirurgia três vezes e agora vê o horizonte sumir de vez.
E agora, José?
A verdade é que ninguém sabe ao certo como isso vai funcionar na prática. Os gestores locais estão perdidos, os médicos frustrados e os pacientes... bem, esses estão simplesmente aterrorizados.
Enquanto isso, em Brasília, discutem números e estatísticas. Como se vidas humanas fossem apenas porcentagens em um gráfico bonito de PowerPoint.
O certo é que, pelo menos por enquanto, o Brasil decidiu que câncer pode esperar. E essa espera, meus amigos, tem um preço que nenhum sistema de saúde deveria estar disposto a pagar.