
Imagine acordar um dia e simplesmente não se lembrar do pior momento da sua vida. Pois é exatamente isso que aconteceu com José Carlos, o pai dos jovens Samuel e Mateus, que morreram num acidente brutal no último dia 28 de agosto, em Salvador.
Numa conversa franca — daquelas que doem na alma —, José confessou que sua memória simplesmente apagou tudo. Sumiu. Como se alguém tivesse pegado uma borracha e limpado sua mente daquela tarde terrível.
O vazio que dói
"Não lembro de nada. Nada mesmo", disse ele, com uma tranquilidade que assusta. É como se a mente dele tivesse criado um escudo — uma proteção involuntária contra uma dor grande demais para caber dentro de um só homem.
Os médicos chamam isso de amnésia dissociativa. Eu chamo de sobrevivência pura. Quem é que conseguiria carregar na memória o peso de perder dois filhos de uma vez?
A família em frente ao abismo
Enquanto José Carlos navega num mar de esquecimento, a família tenta manter a cabeça fora d'água. Eles estão correndo atrás de neurologistas, psicólogos, terapeutas — qualquer profissional que possa ajudar a trazer de volta o que foi perdido.
Mas será que algumas memórias não são melhor esquecidas? Às vezes a mente sabe melhor do que nós o que podemos suportar.
O acidente que mudou tudo
Os detalhes do acidente ainda são poucos — testemunhas contam que foi rápido e violento. Samuel e Mateus estavam no carro, seguiam pela estrada, e em questão de segundos tudo mudou. A vida é assim mesmo: um instante basta para virar do avesso.
O caso está sendo investigado, claro. A polícia tenta reconstruir os momentos anteriores ao impacto, mas sem o testemunho de José Carlos, fica mais difícil. Sua memória seria a chave — uma chave que sumiu.
O longo caminho pela frente
Agora, a família enfrenta duas batalhas: a justiça pelo acidente e a recuperação de José. Duas lutas enormes, duas estradas cheias de incertezas.
E no meio disso tudo, uma pergunta que não quer calar: quando — e se — as memórias voltarem, será que ele vai conseguir suportar o peso delas?
Algumas verdades machucam mais que a ignorância. E às vezes, esquecer não é fraqueza — é apenas o jeito que o cérebro encontrou para nos manter vivos.