
Imagine a cena: um hospital público no ápice do movimento, corredores cheios, equipamentos vitais ligados e, de repente... escuridão. Não foi um susto qualquer – foi o cenário de caos que se instalou no Pronto-Socorro de Várzea Grande nesta quarta-feira (4).
Por volta das 15h30, tudo simplesmente parou. A energia elétrica, aquela coisa que a gente nem lembra que existe até faltar, sumiu completamente. Quarenta minutos. Pode parecer pouco para quem está no trânsito, mas em um ambiente hospitalar é uma eternidade.
O Desespero nos Corredores
Luzes de emergência acenderam, é claro, mas iluminaram apenas o essencial. O que não iluminaram foi o desespero mudo nos olhos de pacientes e familiares. Os aparelhos que dependiam de energia contínua – e são muitos, acredite – pifaram. Uma verdadeira sinfonia de bipes interrompidos.
E aí, o que fazer? A equipe médica e de enfermagem, esses heróis de plantão permanente, não congelou. Pelo contrário. Eles sabiam que cada segundo contava. Uma força-tarefa foi montada na hora, quase que por instinto. A prioridade máxima: os pacientes em estado mais grave.
A Operação de Resgate
Foi uma logística de guerra. Ambulâncias foram acionadas às pressas. Os profissionais carregavam macas, monitoravam sinais vitais no escuro e tentavam acalmar quem estava ali, vulnerável. Três pacientes em situação crítica tiveram que ser transferidos para outras unidades de saúde da região. Três vidas que não podiam esperar pela volta da luz.
O pânico, claro, era uma entidade invisível pairando no ar. Parentes faziam perguntas, funcionários corriam tentando resolver mil coisas ao mesmo tempo. Uma senhora, dona Maria (que não quis dar o sobrenome), me contou com a voz ainda trêmula: "Pensei que fosse o fim. No escuro, tudo fica pior, né? A gente se sente tão pequeno...".
E enquanto isso, a Energisa, a concessionária local, devia estar com seus telefones tocando sem parar. O que será que causou essa oscilação? Um problema na subestação? Um cabo rompido? Ainda não sabemos ao certo – e essa falta de informação oficial só aumenta a angústia de quem depende daquele lugar.
As Perguntas que Ficam
O gerador de emergência entrou em ação, mas todo mundo sabe que ele é um paliativo, não uma solução. A pergunta que não quer calar: até quando nossos hospitais vão funcionar na base do "jeitinho" e da sorte? Um blecaute de menos de uma hora foi suficiente para virar um pandemônio.
A Secretaria Municipal de Saúde emitiu uma nota – daquelas bem padrão, pra não assustar – dizendo que "tomou todas as providências" e que "nenhum paciente foi prejudicado". Sinceramente? Difícil de acreditar. Como não ser prejudicado quando você está dependendo de um aparelho e ele desliga do nada?
O episódio de hoje escancara, mais uma vez, a fragilidade da nossa infraestrutura. Não é a primeira vez e, tenho um palpite, não será a última. Enquanto isso, resta torcer para que a luz não apague de novo – nem no hospital, nem na nossa consciência sobre o estado da saúde pública.