
Pare um minuto e respire fundo. Agora imagine que uma em cada oito pessoas ao seu redor está travando uma batalha invisível — e essa não é nenhuma metáfora poética, mas sim a realidade nua e crua que a Organização Mundial da Saúde acaba de colocar na mesa.
Segundo o mais recente relatório da entidade — que mexe com os alicerces do que entendemos por saúde global —, mais de um bilhão de seres humanos vivem atualmente com algum tipo de transtorno mental. Sim, você leu certo: bilhão, com 'B' maiúsculo.
Os números que doem
Os dados, coletados até o final de 2024, mostram que os campeões de incidência são:
- Ansiedade: aquela sensação de aperto no peito que não avisa quando chega
- Depressão: o peso que paralisa até as almas mais fortes
E aqui vai o que mais me cortou o coração: os jovens estão na linha de frente desse tsunami silencioso. A gente fala tanto em futuro, mas parece que estamos esquecendo de cuidar de quem vai habitá-lo.
Desigualdade que dói
Se tem uma coisa que o relatório deixa claro — e isso é de cair o queixo — é que a saúde mental ainda é um privilégio geográfico. Enquanto alguns países avançam em políticas públicas, outros nem conseguem enxergar o problema direito.
Mais de 70% das pessoas com transtornos mentais em países de baixa renda simplesmente não recebem tratamento adequado. É como se a gente estivesse fechando os olhos para uma pandemia que não escolhe bandeira nem idioma.
E o Brasil nessa história?
Ah, nosso país… A gente até tenta avançar, mas ainda patina na hora de transformar discurso em ação concreta. O SUS — herói de muitas batalhas — ainda sofre para oferecer cuidado mental de qualidade para todos.
E não me venham com essa história de que 'brasileiro é resiliente'. Resiliência cansa, e cansa muito. Precisamos é de acesso real a tratamento, sem filas intermináveis ou custos proibitivos.
O que fazer?
A OMS não só apontou o problema — felizmente — como também trouxe um mapa da mina:
- Investir pesado em serviços de base: porque saúde mental começa na atenção básica, não no pronto-socorro
- Integrar saúde mental aos cuidados primários: acabando com esse divórcio artificial entre mente e corpo
- Capacitar profissionais de saúde: para que possam identificar e encaminhar casos logo no início
- Combater o estigma: porque ninguém deveria ter vergonha de cuidar da própria mente
No fim das contas, o relatório da OMS é mais do que um conjunto de dados — é um espelho que reflete nossa humanidade coletiva. E talvez a pergunta que fique é: a gente vai continuar ignorando o que o espelho mostra?
Porque uma coisa é certa: saúde mental não é 'mimimi' — é necessidade básica, direito humano e, acima de tudo, o alicerce invisível que sustenta tudo o mais.