
Não foi um dia específico, nem um evento dramático. Foi uma sucessão de pequenos incômodos, uma névoa de cansaço que teimava em não dissipar, que fez a advogada maranhense, já beirando os cinquenta, parar e pensar: “Peraí, o que está acontecendo comigo?”. Ela, que sempre foi um turbilhão de energia, começou a se sentir… diferente. Estranha no próprio ninho.
“A gente passa a vida toda ouvindo falar, mas nada prepara você para o baque”, confessa, com uma risada que mistura resignação e humor. Os fogachos? Ah, esses sim, são de cair o queixo. “Um calorão que vem do nada, te abraça feito um urso e some como se nada tivesse acontecido. Deixa você ali, perplexa e encharcada.”
Mas a história não para aí, nem de longe. A mente, outrora afiada como uma lâmina, começou a pregar peças. “Esquecer palavras corriqueiras, perder o fio da meada no meio de uma reunião… foi assustador. Cheguei a temer estar com algo sério”, relata. Aí veio a ficha: era a tal da menopausa, batendo à porta sem a menor cerimônia.
Além do Calor: A Montanha-Russa Emocional
Se os calores são os protagonistas indesejados do espetáculo, as alterações de humor são a trilha sonora dramática. “Minha paciência, que nunca foi das melhores, ficou curta feito barbante de pipa. Uma irritação que brota do nada, uma sensibilidade à flor da pele. Chorava com um comercial de TV.” A advogada brinca que sua família começou a andar em casas de vidro. Quem diria, né?
E o cansaço? Meu Deus, o cansaço. “É um tipo de exaustão que dormir 12 horas não resolve. É como se alguém tivesse puxado meu plugue da tomada.” Aos poucos, ela percebeu que não estava enlouquecendo. Era apenas seu corpo, sábio e traiçoeiro, entrando em uma nova fase.
A Jornada da Aceitação (e dos Cuidados)
A grande virada veio quando ela decidiu parar de lutar contra e começou a escutar o que o corpo pedia. “Troquei o pavor pela curiosidade. Busquei informação, conversei com o ginecologista e, o mais importante, parei de me cobrar para ser a mulher de 30 anos que eu já não era mais.”
Ela mergulhou em ajustes na alimentação, descobriu que atividades físicas leves faziam milagres pelo humor e priorizou o sono como nunca. “Aprendi que não se trata de combater a menopausa, mas de negociar uma trégua com ela. É encontrar um novo equilíbrio, um novo normal.”
Seu recado para outras mulheres? “Conversem! Não sofram em silêncio. Troquem experiências, riam das situações absurdas que vivemos. Percebi que estava envelhecendo, sim, mas também me redescobrindo forte, vulnerável e, acima de tudo, humana.”
A menopausa, ela conclui, não é o fim da linha. É apenas uma curva mais acentuada na estrada – assustadora, sim, mas cheia de novas paisagens para quem tem coragem de encarar.