Grito dos Excluídos: Boa Vista Ecoa com Vozes pela Democracia e Vida em Manifestação Histórica
Grito dos Excluídos: Boa Vista pela Democracia e Vida

Não foi um sussurro, mas um brado que cortou o ar pesado do sábado em Boa Vista. Das primeiras horas da manhã, um fluxo constante de gente – gente de verdade, com histórias nas faces e convicção no passo – começou a convergir para o Centro Cívico. O motivo? O tradicional Grito dos Excluídos, que este ano ecoou com uma urgência particularmente aguda.

Era mais que uma passeata; era um organismo vivo, pulsante. Representantes de sindicatos, povos indígenas, comunidades quilombolas, estudantes e tantos outros setores que, convenhamos, muitas vezes são empurrados para as margens do debate público. Carregavam faixas que não eram apenas pedaços de pano, mas manifestos visíveis. “Em defesa da democracia” e “Pela vida” surgiam como refrãos visuais, entre palavras de ordem contra a fome e o desmonte das políticas públicas.

Um Coro de Vozes Diversas

O que mais impressionava, francamente, era a tapeçaria de causas. Não era um monólito. De um lado, ouviam-se relatos sobre a luta por terra e teto. De outro, a defesa ferrenha dos direitos dos trabalhadores, cada vez mais espremidos pela maré montante do custo de vida. E no meio disso tudo, uma pauta unificadora: a democracia não é um luxo, é uma necessidade básica, tão vital quanto o pão de cada dia.

— A gente não pode baixar a guarda. Nem hoje, nem nunca — disparou uma trabalhadora da saúde, que preferiu não se identificar, mas cuja voz tremia de uma emoção que não era de medo, mas de determinação pura.

O Cenário: Paz, Mas com Propósito Inabalável

Apesar da energia densa, daquelas que você quase pode tocar, o evento transcorreu – e isso é crucial – de forma absolutamente pacífica. Sem contratempos, sem confusão. A PM rodopiava por perto, mas o clima não era de confronto; era de vigilância mútua, talvez. Os organizadores, aliás, fizeram questão de destacar esse caráter: um protesto pela vida, não contra ela.

E assim seguiram, uma procissão leiga e determinada, até o Palácio Senador Hélio Campos. Lá, na frente do símbolo do poder estadual, o grito se materializou em discursos, em performances artísticas que doíam de tão reais, em música que era mais do que som – era resistência.

Por Que Isso Importa Agora?

Num Brasil que parece constantemente à beira de um divã, dividido e com os nervos à flor da pele, ver uma manifestação assim no Norte do país é um lembrete potente. A política não é algo que só acontece em Brasília ou nas telas da TV. Ela acontece no asfalto quente de Boa Vista, no suor de quem caminha sob um sol implacável para defender um ideal.

O Grito dos Excluídos, neste 7 de setembro de 2025, não foi um evento isolado. Foi um capítulo. Um recado claro de que certos valores – democracia, vida digna, justiça – não são negociáveis. E que, enquanto houver fôlego, haverá voz para gritar por eles.