
Numa decisão que pode virar precedente, a Justiça do Trabalho deu um puxão de orelha na Seara Alimentos. A empresa foi obrigada a tirar gestantes e lactantes das câmaras frigoríficas da unidade de Nuporanga, no interior paulista. E olha que não foi um pedido educado — foi ordem judicial mesmo, pra ontem.
Segundo o juiz responsável, trabalhar naquela geladeira gigante — onde os termômetros mal passam dos 10°C — é como jogar uma grávida no Polo Norte sem casaco. A lei já protege essas mulheres, mas parece que alguém resolveu fazer vista grossa. "Risco ocupacional gravíssimo", definiu a sentença, que não deixou margem para dúvidas.
O que diz a decisão?
Pra ser bem claro:
- Proibição total de alocar gestantes em qualquer setor com temperatura abaixo de 15°C
- Mães que amamentam também devem ser realocadas imediatamente
- Multa diária de R$ 10 mil se descumprirem — e acredite, a fiscalização vai chegar
Um detalhe curioso: a ação partiu do Ministério Público do Trabalho depois que uma funcionária grávida quase virou um picolé humano. Ela reclamou de dores e contrações precoces, mas dizem que a empresa enrolou pra agir. "Ah, mas ela tá acostumada", deve ter pensado algum gerente. Só que o juiz não comprou essa história.
E agora, Seara?
Procurada, a empresa — que faz parte da JBS, aquela gigante das carnes — limitou-se a dizer que "respeita a decisão judicial". Mas entre linhas, dá pra sentir um certo desconforto. Afinal, realocar funcionários não é como trocar mercadorias de prateleira. Exige logística, treinamento e, claro, vontade.
Enquanto isso, as trabalhadoras comemoram. "Finalmente estão nos tratando como pessoas, não como máquinas", disse uma delas, que preferiu não se identificar. E faz sentido — afinal, gestação não é doença, mas também não é maratona no Alasca.