
Imagine a cena: dezenas de funcionários enfileirados, esperando sua vez de trocar o uniforme — mas com um detalhe que beira o absurdo. Sem vestiários adequados, eram obrigados a se despir em pleno ambiente de trabalho, ficando apenas de roupas íntimas diante dos colegas. Parece roteiro de filme distópico, mas foi realidade numa empresa do Rio Grande do Sul.
O caso veio à tona após denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT), que não perdeu tempo. "É desumano", disparou o procurador responsável, ainda visivelmente indignado. A Justiça, por sua vez, agiu rápido e concedeu liminar determinando o fim imediato dessa prática.
O que de fato acontecia?
Detalhes revelam que os trabalhadores — muitos com décadas de casa — precisavam formar filas para receber uniformes limpos duas vezes por semana. O problema? O espaço era minúsculo, sem privacidade, e todos tinham que se trocar no mesmo local. "Sentia vergonha alheia e própria", confessou um funcionário que pediu anonimato.
Não bastasse o constrangimento, a situação criava riscos. Mulheres compartilhavam o mesmo espaço que homens, sem divisórias. "Como se não bastasse o assédio moral, era uma porta aberta para o sexual", comentou uma das trabalhadoras, ainda abalada.
Reação das autoridades
A liminar judicial foi categórica: a empresa tem 48 horas para adaptar vestiários dignos. Multa diária de R$ 5 mil caso descumpra. O MPT ainda investiga possíveis danos psicológicos aos empregados — muitos já apresentavam quadros de ansiedade.
Curiosamente, a defesa da empresa tentou justificar: "Sempre foi assim". Argumento que não colou. "Tradição de humilhação não vira direito", rebateu o juiz, em frase que já circula nas redes.
Especialistas ouvidos pelo caso são unânimes: "Isso é arcaico. Qualquer psicólogo organizacional diria que produtividade cai quando se fere a dignidade". E você, leitor, o que acha? Até onde vai o limite para "cumprir ordens" no trabalho?