
Não é ficção, é realidade dura. Trinta piauienses — sim, trinta — foram arrancados de situações que beiram o absurdo em 2025. Condições que, vamos combinar, não dignificam nem um cão de rua. O pior? A maioria esmagadora se encaixa num perfil que repete como um disco riscado: homens, pobres, sem estudo.
Os números chegam a doer. Segundo levantamentos oficiais (aqueles que a gente desconfia sempre subestimam a realidade), 83% das vítimas sequer completaram o ensino fundamental. "É como se a falta de oportunidades criasse um ciclo vicioso impossível de quebrar", comenta um auditor fiscal que prefere não se identificar — medo, sabe como é.
Onde isso acontece?
Espalhado feito praga. Zona rural, construção civil, até mesmo em pequenos comércios urbanos. O modus operandi varia pouco: promessas falsas, dívidas inventadas, ameaças veladas. Alguns casos:
- Trabalho forçado em fazendas do sul do estado
- Jornadas exaustivas em olarias sem qualquer condição
- Alojamentos insalubres que mais parecem celas
E olha que estamos falando de 2025, não da década de 1850. Parece piada de mau gosto, mas é a pura verdade.
Quem são os alvos?
O retrato é nítido — e revoltante. Dos resgatados:
- 87% homens
- 92% com renda abaixo de um salário mínimo
- 68% migrantes internos
"É a tempestade perfeita", dispara uma assistente social que atuou nos resgates. "Vulnerabilidade econômica + falta de informação = carne fresca para esses exploradores". Cruel, mas preciso.
Ah, e detalhe: muitos nem se dão conta de que são vítimas. Acham que estão no fundo do poço, mas que é "só uma fase ruim". Isso dói mais que qualquer número.
E as ações?
Operações conjuntas do Ministério Público e Ministério do Trabalho — aquelas que deveriam ser rotina, não exceção. Em 2025, foram 15 ações no Piauí. Pouco? Muito? Depende do ângulo. Pra quem estava preso nesse inferno, cada dia a menos faz diferença.
Mas cá entre nós: enquanto houver gente desesperada e oportunistas sem escrúpulos, essa chaga vai continuar sangrando. E não adianta fingir que não vê.