
Foi um daqueles momentos que pegou todo mundo de surpresa. Lula, com a voz embargada e os olhos marejados, não conseguiu conter as lágrimas ao discursar sobre um tema que, diga-se de passagem, deveria envergonhar qualquer nação que se diz civilizada.
"Quando eu vejo uma criança catando osso no lixo..." — a frase ficou pela metade, engasgada na garganta do presidente. A cena aconteceu durante encontro do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar), nesta segunda-feira (5), e deixou até os mais durões com um nó no peito.
O peso das palavras
Não foi discurso ensaiado, nem pose pra foto. Dava pra ver nos gestos — nas mãos que tremiam ao segurar o papel, nas pausas longas demais entre uma palavra e outra. Algo raro em políticos profissionais, acostumados a falar de tudo sem se comprometer com nada.
"Tem gente que acha normal passar fome no século XXI", disparou, com uma mistura de revolta e cansaço na voz. "Mas eu não consigo aceitar. Não dá."
Números que doem
Enquanto isso, os dados do IBGE continuam implacáveis:
- 33 milhões de brasileiros em insegurança alimentar grave
- 6 em cada 10 crianças dependendo da merenda escolar pra não ir pra cama de estômago vazio
- Comida podre sendo disputada em lixões de capitais ricas
"Isso aqui não é África subsaariana nos anos 80", lembrou Lula, com aquele jeito direto que só quem já passou fome de verdade consegue ter. "É o Brasil de 2023. O mesmo país que exporta comida pro mundo inteiro."
Reações que falam mais que discurso
No plenário, silêncio pesado. Alguns conselheiros baixavam os olhos, outros mexiam nervosamente nos papéis. Uma senhora do Nordeste — aquelas de rosto marcado pelo sol e mãos calejadas — enxugou discretamente as lágrimas com a ponta do lenço.
"Presidente chorando é fraqueza?", questionaria depois um assessor, já nos bastidores. "Tá mais pra coragem de assumir que a dor do povo dói nele também."
E você, o que acha? Emocionar-se diante da fome alheia é sinal de humanidade — ou mera estratégia política? Difícil dizer. Mas uma coisa é certa: enquanto houver brasileiros revirando lixo pra comer, não sobra muito espaço pra discurso bonito.