
A coisa esquentou de verdade no campo bolsonarista, e não foi pouco. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, resolveu acender o pavio de uma bomba já prestes a explodir — e agora colhe os estilhaços. Suas investidas verbais contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, não só não colaram como ainda geraram um mal-estar generalizado dentro do próprio partido, o PL.
Não é exagero dizer que a estratégia saiu pela culatra. Feio.
Valdemar Costa Neto, presidente nacional da legenda, não disfarçou a irritação. Em conversas internas, deixou claro que a fala de Tarcísio foi, no mínimo, inoportuna. Um verdadeiro presente de grego para a oposição e um problema a mais para um partido que já navega em águas turbulentas.
O estrago político e a reação imediata
O recado foi dado sem rodeios: criticar Moraes publicamente, nesse momento, é como cavar a própria cova com as unhas. A avaliação interna é de que o governador paulista subestimou a teia de relações e poder que cerca o ministro — e, pior, não mediu o impacto que suas palavras teriam na já frágil unidade partidária.
Não se engane: isso não é só sobre uma rusga entre figuras públicas. É sintomático. Revela uma tensão crescente entre a ala mais radical e aqueles que, como Tarcísio, tentam equilibrar-se na corda bamba entre o bolsonarismo raiz e um projeto de governo mais moderado.
E o pior? A jogada não agradou nem a um, nem a outro lado.
O silêncio que diz tudo
Desde que a polêmica estourou, o Palácio dos Bandeirantes adotou um perfil baixíssimo. Nada de novas declarações inflamadas. Nada de justificativas públicas. Apenas um silêncio estratégico — que, convenhamos, fala mais alto que qualquer discurso.
Parece que a lição foi aprendida, ainda que tarde demais. No jogo político, nem toda publicidade é boa publicidade. Às vezes, o microfone é uma arma que atira no pé de quem segura.
E agora, José? O governador terá que remar contra a maré para reconstruir pontes queimadas — tanto dentro do seu partido quanto no campo mais amplo do centrão. A crise com o STF não é brincadeira, e Moraes não é exatamente conhecido por perdoar e esquecer.
Resta saber se Tarcísio conseguirá sair dessa enrascada sem maiores danos. Uma coisa é certa: a próxima jogada dele será observada com lupa por aliados e adversários. E o tempo de errar… já passou.