
Eis que a política brasileira nos apresenta mais um daqueles capítulos cheios de idas e vindas — e o tema da anistia está no centro do tabuleiro. Não é simples, nem rápido. E parece que vai render ainda.
O deputado federal José Guimarães, o Motta, líder do governo na Câmara, decidiu dar uma segurada no processo. A ideia? Ganhar tempo. Mas tempo pra quê? Bom, a conversa rola solta nos corredores do poder: ele quer costurar uma alternativa, algo que seja mais palatável para o Senado, que não acenda os ânimos do Supremo Tribunal Federal e que, claro, não coloque o governo Lula numa saia justa.
Não é pouco trabalho. Longe disso.
O Jogo de Espera e as Conversas nos Bastidores
O plano original era votar ainda essa semana. Mas Motta já sinalizou — discretamente, como manda o bom figurino político — que a coisa pode demorar um pouco mais. Ele mesmo admitiu que está numa sinuca de bico legislativa: pressionado de um lado pela base governista, de outro pela necessidade de não criar um terremoto institucional.
E o que está em jogo, afinal?
Uma proposta que anistia dívidas de estados e municípios com a União. Só que ela esbarra numa resistência ferrenha do Senado, onde o presidente Rodrigo Pacheco já deixou claro que não engole o texto como está. E pior: há um temor real de que, se aprovado do jeito que foi proposto, o STF pode simplesmente derrubar tudo. Ninguém quer esse desgaste.
Os Atores-Chave e Seus Papéis
- Motta (PT-CE): o articulador, tentando evitar um fracasso anunciado.
- Eduardo Braga (MDB-AM): relator da matéria, já sinalizando abertamente que without Senado, não há acordo que valha.
- Jorge Messias: advogado-geral da União, peça fundamental nas tratativas com o Judiciário.
- STF: a espada de Dâmocles sobre a proposta — ninguém quer acioná-la.
Braga, aliás, foi direto: “Sem o aval do Senado, essa proposta não vai pra frente”. Messias tem conversado com ministros do Supremo pra tentar medir o clima — e evitar um choque de trens.
O governo, por sua vez, observa. Com cuidado. Sabe que a anistia é popular entre prefeitos e governadores, mas também não quer uma crise com o Congresso ou com o Judiciário. Lula, como sempre, prefere a negociação à confrontação.
E Agora?
O cenário mais provável? Uma proposta alternativa, desenhada a várias mãos, que atenda minimamente a todos — ou pelo mesmo não desagrade profundamente ninguém. Algo que passe no Congresso, não seja barrado pelo STF e mantenha a governabilidade.
Mas política é como samba-enredo: até o último momento, tudo pode mudar. Fiquemos de olho.