Motta corta as asas de Paulinho: Votação do Imposto de Renda não está atrelada a anistia, afirma com veemência
Motta desautoriza Paulinho: IR não depende de anistia

Parece que a corda esticou de vez no plenário. Numa jogada que pegou muitos de surpresa – e deixou outros tantos com aquela sensação de "eu sabia" –, o deputado federal Mauro Benevides Filho, o Motta (DEM-PB), simplesmente desmontou o argumento do colega Paulinho da Força (PSD-SP). A questão? Aquela velha dança das cadeiras em torno da reforma do Imposto de Renda.

O que aconteceu, afinal? Bom, Paulinho vinha defendendo com unhas e dentes que a votação do projeto que altera as alíquotas do IR fosse condicionada a um acordo sobre a tal anistia de dívidas para Microempreendedores Individuais. Uma espécie de "ou aprova os dois, ou não aprova nenhum". Soa familiar, não? A tática do toma-lá-dá-cá é velha conhecida dos corredores do Planalto.

Mas eis que Motta surge, quase como um trator, e coloca os pingos nos is. E não foi com meias-palavras. "A votação do Imposto de Renda segue seu curso normal, independentemente de qualquer outra matéria", declarou ele, com uma firmeza que não deixou margem para dúvidas. Foi um recado direto, duro, daqueles que ecoa pelos gabinetes.

Uma separação de águas necessária?

Ora, mas por que tanta celeuma? O ponto é que, na visão de Motta – e de boa parte da base governista, diga-se de passagem –, misturar os dois temas é um desserviço. São discussões de naturezas completamente distintas, cada uma com seu grau de complexidade e urgência. Enquanto a reforma do IR mexe com a vida de praticamente todo mundo, a anistia aos MEIs, embora importantíssima, é um tema mais setorial.

"São trilhos diferentes", comparou um assessor parlamentar que preferiu não se identificar. "Tentar embarcar um no outro só vai descarrilar os dois." E a metáfora, convenhamos, é bastante precisa.

E os Microempreendedores, ficam no prejuízo?

Agora, calma lá. Isso não significa, de forma alguma, que a pauta dos MEIs foi para o beleléu. Muito pelo contrário. Motta foi categórico ao afirmar que o tema será apreciado, mas no seu devido tempo e com a análise técnica que merece. A pressa, como se sabe, é inimiga da perfeição – e, no Congresso, pode ser inimiga da votação.

O que se vê aqui é um embate de estratégias. De um lado, Paulinho e aliados pressionam por uma solução rápida e abrangente. Do outro, a visão mais gradualista de Motta, que prega o passo-a-passo para não comprometer nenhuma das propostas. Quem tem razão? Só o tempo – e os votos no plenário – dirão.

Uma coisa é certa: o clima esquentou. E essa disputa, longe de ser um mero bate-boca entre parlamentares, reflete a complexidade de se governar um país com tantas demandas urgentes. O xadrez político está montado. Aguardemos os próximos lances.