
O cenário político nacional parece um campo minado, e uma nova pesquisa joga uma luz—áspera e direta—sobre onde dois dos seus personagens mais poderosos realmente pisam. O Ipespe, sempre com o dedo no pulso do país, decidiu medir não só a aprovação do Presidente Lula, mas, num movimento raro, colocou o Ministro do Supremo Alexandre de Moraes na mesma balança. O resultado? Bem, não é nada simples.
Lula, como era de se esperar, mantém uma base sólida. Do seu governo, 36% dos brasileiros aprovam e consideram ótimo ou bom, enquanto 29% acham ruim ou péssimo. Um desempenho que, convenhamos, não é de cair o queixo, mas também não é de comemorar com fogos. A surpresa, no entanto, mora nos detalhes—ou melhor, no outro lado da comparação.
E no STF, Como É Que Fica?
Quando a pergunta migra para o Judiciário—e especificamente para a figura onipresente de Alexandre de Moraes—o terreno fica pantanoso. A pergunta era direta: qual dos dois tem uma imagem mais positiva? Quem venceria esse cabo de guerra simbólico? A resposta não deve agradar a ninguém de forma absoluta.
Lula leva uma ligeira vantagem, com 36% contra 32% de Moraes. Mas olha só o detalhe que muda tudo: 32% dos entrevistados não souberam responder ou simplesmente não quiserem escolher um lado. Isso diz muito sobre o momento. O brasileiro, cansado de polarizações cegas, parece relutante em entrar em ringues artificiais.
— É como se a população dissesse: ‘não me force a escolher entre dois poderes que deveriam trabalhar juntos’ — arrisca um analista que preferiu não se identificar.
Os Fantasmas da Rejeição
Agora, se tem algo que une Lula e Moraes—ainda que de forma triste—é a rejeição. Ambos carregam números altíssimos de quem desaprova veementemente seu trabalho. O presidente tem 29% de avaliação negativa. O ministro? Assustadores 41%.
Isso mesmo: Moraes é, hoje, um dos nomes mais divisivos da República. Amado por uma base que vê nele um bastião contra o autoritarismo, e detestado por outra que o acusa de… bem, de autoritarismo. A ironia não poderia ser mais crua.
O Que Isso Tudo Significa?
Para além dos números, a pesquisa do Ipespe—realizada entre 22 e 24 de julho, com 1.100 pessoas e margem de erro de 3,2 pontos—revela um país hesitante. A popularidade de Lula é real, mas não é avassaladora. A influência de Moraes é inegável, mas vem com um custo político altíssimo.
Nenhum dos dois sai ileso. E talvez essa seja a grande lição: em tempos de democracia frágil e redes sociais inflamadas, ninguém escapa impune. O poder, hoje, é um lugar alto e solitário—e a opinião pública, um juiz cada vez mais impaciente.
Fica a pergunta no ar: será que estamos testemunhando um novo equilíbrio de forças? Ou apenas o prelúdio de mais uma crise? Só o tempo—e as próximas pesquisas—dirão.