Governo Articula nos Bastidores para Adiar o PL da Dívida: Entenda a Estratégia
Governo articula adiar PL da Dívida no Congresso

O Palácio do Planalto acionou seus principais aliados no Congresso em uma manobra que mistura estratégia, cálculo político e uma boa dose de urgência. A missão? Ganhar tempo. Mais precisamente, adiar a votação do Projeto de Lei 2.384/2023, conhecido como PL da Dívida, que estabelece um novo regime de pagamento para os precatórios.

Não é exagero dizer que o clima em Brasília é de tensão disfarçada de normalidade. A ordem, repassada a líderes partidários e coordenadores da base, é clara: empurrar essa discussão para depois das eleições municipais. Afinal, ninguém quer carregar o fardo de aprovar um projeto que, vamos combinar, não é exatamente popular.

O Que Está em Jogo no PL?

O cerne da questão é financeiro, mas as implicações são profundamente políticas. O projeto pretende alongar o prazo para que a União quite suas dívidas judiciais – os tais precatórios. Basicamente, é uma forma de o governo não precisar desembolsar uma grana preta de uma só vez, aliviando as contas públicas no curto prazo.

Mas há um porém. Um grande porém. Críticos do texto, incluindo alguns juristas de peso, alertam que a medida pode ser interpretada como uma manobra para não pagar na totalidade o que se deve. Um calote criativo, nas palavras mais duras de um oposicionista.

A Estratégia nos Corredores do Poder

Como fazer, então, para não votar algo sem parecer que está fugindo do debate? Aí entra o jogo político em sua essência. A orientação é para que os parlamentares da base usem de todos os regimentos possíveis: apresentem emendas, solicitem mais debates, peçam vistas… enfim, tudo que a criatividade parlamentar permitir para alongar a tramitação.

É um jogo de espera. O governo calcula que, após outubro, o clima eleitoral terá arrefecido e será possível tocar o projeto com menos barulho e menor risco de desgaste. Uma aposta arriscada, mas que parece ser a única saída encontrada pela equipe econômica.

O que me deixa pensando é: será que o tempo joga a favor? A pressão de credores e a instabilidade jurídica podem criar uma bomba-relógio. Enquanto isso, o Planalto aposta suas fichas no cansaço da oposição e no esquecimento do público.

Resta saber se a estratégia vai colar ou se o Congresso, pressionado, decidirá enfrentar o tema de frente. Por enquanto, a bola está com os líderes partidários, que tentam equilibrar a lealdade ao governo com a percepção pública de seus eleitores. Uma dança delicada, típica do centrão brasileiro.