
Numa manhã de terça-feira que prometia ser mais uma rotina política em Brasília, Gleisi Hoffmann decidiu cortar pela raiz qualquer ilusão de que estaria disposta a negociar o que quer que fosse sem contrapartidas concretas. A presidente nacional do PT reuniu-se com ministros do bloco centrão e foi direta como um facão: quer apoio real, não apenas promessas de ocasião.
E não foi nada daquele linguajar político cheio de rodeios e meias-palavras que estamos acostumados a ouvir. Gleisi, com aquela postura que já virou sua marca registrada, deixou claro que o governo precisa de resultados mensuráveis — e rápido. A paciência, parece, está curta.
As duas exigências que ecoaram na sala
Primeiro ponto na lista: os ministros precisam garantir que os programas sociais do governo Lula não apenas existam no papel, mas cheguem de verdade à população. Não adianta anunciar verba se ela não sair do cofre federal para o bolso de quem precisa. Segundo — e isso foi dito com todas as letras —, a base aliada precisa votar de maneira coesa no Congresso. Nada de cada um puxar a brasa para sua sardinha.
Não é de hoje que o Palácio do Planalto observa com certa apreensão a atuação de alguns partidos que compõem a base governista. Uns apoiam aqui, mas travam ali. A coisa ficou insustentável, e Gleisi resolveu botar as cartas na mesa.
O tom da conversa
Segundo relatos de quem estava na sala, o clima não foi exatamente de conflito, mas também não daqueles encontros cordiais onde todos saem sorrindo para fotos. Havia uma urgência no ar, uma sensação de que o tempo está correndo mais rápido que o previsto.
Gleisi teria lembrado que o governo não pode se dar ao luxo de ficar refém de negociatas de última hora. Ou o centrão se alinha de verdade com as prioridades do Executivo, ou a conta pode ficar salgada para todos.
O que está por trás das cobranças?
É evidente que a articulação política nunca foi um mar de rosas, mas nos últimos meses a situação tem testado a paciência até dos mais experientes. Com a economia ainda patinando e a pressão social aumentando, o governo precisa mostrar serviço — e rápido.
Os ministros do centrão, por sua vez, saíram da reunião com expressões sérias. Nenhum deles deu entrevistas logo após o encontro, o que já diz muito. Parece que a mensagem foi recebida, mas será que será devidamente processada?
Resta saber se as palavras firmes de Gleisi ecoarão além das paredes do encontro. No jogo político brasileiro, promessas são feitas e desfeitas com uma velocidade impressionante. Desta vez, porém, a exigência veio com data marcada para cumprimento.
Enquanto isso, nos corredores do Congresso, o assunto não é outro. Alguém duvida que as próximas votações serão observadas com lupa pelo Planalto?