
Pare pra pensar um segundo: onde você corre quando a febre sobe de repente ou aquele machucado teima em não sarar? Para a esmagadora maioria dos brasileiros, a resposta é uma só – e é gratuita. Não é exagero dizer que o Sistema Único de Saúde é, literalmente, o alicerce que segura a nação.
Os números mais recentes, garimpados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), são de deixar qualquer um de queixo caído. Setenta e seis por cento. Traduzindo: quase 8 em cada 10 pessoas neste país não têm um plano de saúde privado para chamar de seu. O SUS é seu único porto seguro, seu único recurso na hora do desespero. É uma dependência massiva, que poucos imaginavam ser tão grande.
E olha que a surpresa não para por aí. Quando a gente abre esse guarda-chuva e olha região por região, a disparidade é gritante – e, de certa forma, esperada. O Norte e o Nordeste, como era de se prever, lideram com força a dependência do sistema público, com índices estratosféricos que beiram os 85%. Já no Sudeste, a coisa muda de figura; a região apresenta o menor percentual de dependentes exclusivos. A conclusão é clara como água: a realidade econômica dita o ritmo da saúde.
Um Retrato que Divide o País
Os dados não mentem, mas eles contam uma história de duas Brasis. De um lado, uma parcela da população que pode optar pelo privado. Do outro, uma multidão que não tem alternativa senão confiar no Estado. Essa divisão é o retrato mais nítido da desigualdade que ainda assombra o país.
Mas sabe o que é mais fascinante nisso tudo? Apesar das críticas constantes – e muitas vezes justas – sobre filas, demoras e falta de recursos, o SUS segue de pé. Ele aguenta o tranco. É uma rede colossal que, dia após dia, realiza desde vacinações em larga escala até transplantes complexos, passando por atendimentos de urgência que salvam vidas indiscriminadamente.
Muito Além dos Números: O que Isso Realmente Significa?
Para além das estatísticas, esse levantamento joga uma luz brutal sobre um fato inescapável: o SUS é indispensável. Sem ele, o caos seria iminente. Ele é a rede de segurança para milhões de famílias que, de outra forma, estariam completamente desamparadas diante de uma doença ou de um acidente.
Claro, ninguém vai tapar o sol com a peneira. Os desafios são monumentais. Todo mundo já ouviu – ou viveu – uma história de espera interminável. Melhorar a infraestrutura, agilizar os atendimentos e garantir qualidade é um trabalho contínuo e urgente. Mas reconhecer a importância vital do sistema é o primeiro passo para valorizá-lo e cobrar por melhorias.
No fim das contas, essa notícia é um soco no estômago. Ela nos lembra, de forma cristalina, que o acesso à saúde ainda é um privilégio para poucos neste país. Para a vasta maioria, a realidade é uma só: é o SUS ou nada.