
O plenário do Supremo Tribunal Federal testemunhou nesta segunda-feira um daqueles momentos que ficam marcados na história do Judiciário brasileiro. Edson Fachin — sim, aquele mesmo ministro que já deixou sua marca em decisões importantes — assumiu oficialmente a presidência da corte, e posso dizer que o clima era de expectativa misturada com certa solenidade.
Parecia até cena de filme: togas alinhadas, discursos que mesclavam formalidade e emoção, e aquele silêncio respeitoso que precede grandes mudanças. Fachin substitui Luís Roberto Barroso, que agora vai comandar o TSE — troca de bastão que sempre gera curiosidade sobre os rumos que virão.
Os Primeiros Passos de Uma Nova Gestão
Logo de cara, Fachin deixou claro que não veio para fazer pequenos ajustes. Em seu discurso de posse — que misturou referências jurídicas com quase uma poesia sobre a função social do Judiciário — ele traçou o que chamou de "três pilares fundamentais" para sua gestão. E olha, são pilares ambiciosos:
- Produtividade com qualidade: Aquela velha história de fazer mais, mas sem perder a excelência
- Diálogo institucional: Conversar mais com os outros poderes — algo que sempre foi um calo no pé do STF
- Transparência radical: Abrir as portas (e os processos) para a sociedade
Não me surpreendeu nada ouvir ele falando em "aproximar a corte da população". Afinal, nos últimos anos o STF virou assunto de boteco — para o bem e para o mal.
O Legado que Entra e o que Sai
Barroso — que agora segue para o TSE — fez questão de passar o bastão com elogios que soavam genuínos. Disse que deixa o STF "em boas mãos", destacando a "integridade inquestionável" de Fachin. É aquela coisa: troca de comando entre juristas de peso sempre gera especulações, mas a transição parece ter sido suave.
E pensar que Fachin chega à presidência com uma bagagem já consolidada. Quem não se lembra de suas decisões em casos de corrupção? Ou daqueles julgamentos sobre direitos fundamentais que dividiram opiniões? Pois é, agora ele comanda o barco.
Desafios que Não São Pequenos
Olhando para a frente, a lista de tarefas não é exatamente simples. O novo presidente herda uma corte com mais de 100 mil processos pendentes — número que dá vertigem em qualquer um. Tem ainda aquelas reformas estruturais que sempre prometem e nunca saem do papel completamente.
Mas o que mais me chamou atenção foi a ênfase que ele deu ao "respeito às diferenças" e ao "diálogo democrático". Num momento político tão... digamos, acalorado, essas palavras soam quase como um manifesto.
Fachin assumiu para um mandato de dois anos — tempo que pode parecer muito, mas que na velocidade do Judiciário passa num piscar de olhos. Resta saber se suas promessas de abertura e eficiência vão se concretizar ou se perderão nos meandros da burocracia judicial.
Uma coisa é certa: os holofotes estão acesos sobre a nova presidência do STF. E todos nós — sociedade, imprensa, políticos — seremos espectadores (e talvez personagens) desse novo capítulo da justiça brasileira.