
O placar do Supremo Tribunal Federal acendeu nesta terça-feira, e não foi para um jogo de futebol. A bola da vez é pesada, do tamanho da democracia: começa o julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus, todos acusados de arquitetar um plano para derrubar o resultado das urnas em 2022. A sessão, prevista para começar às 14h, promete ser um verdadeiro terremoto no cenário político nacional.
Não é todo dia que um ex-presidente da República senta no banco dos réus por algo tão grave. A acusação, capitaneada pelo Ministério Público Federal, é de que o grupo articulou um golpe de Estado – uma tentativa desesperada, e felizmente fracassada, de manter o poder a qualquer custo. O relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, já deu uma prévia do tom que devemos esperar: seriedade absoluta.
Quem está na mira da Justiça?
Além do próprio Bolsonaro, a lista de réus soa como um who's who da cúpula do seu governo. Estão lá:
- O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres;
- O ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos;
- O ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes;
- O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior;
- O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid;
- O ex-advogado-geral da União, Bruno Bianco;
- E Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação.
Uma verdadeira seleção de pesos-pesados, cada um com seu suposto papel nessa trama que lembra roteiro de seriado político – só que, infelizmente, com consequências reais e muito perigosas.
O que diz a acusação?
O cerne da questão, segundo os procuradores, é um esforço coordenado para desacreditar o sistema eleitoral e, no fim das contas, forjar uma ruptura democrática. Estamos falando de reuniões sigilosas, pressão sobre as Forças Armadas e uma campanha de desinformação que tentou semear a dúvida na população. Tudo isso, é claro, negado veementemente pela defesa de todos os envolvidos.
O ministro Moraes foi taxativo ao aceitar a denúncia. Para ele, as evidências apontam para uma «ação concertada e planejada» com o único objetivo de subverter a ordem constitucional. Palavras fortes, que ecoam no plenário da mais alta corte do país.
E o que esperar agora? Bem, o julgamento promete ser longo e cheio de idas e vindas. A defesa deve brigar por cada centímetro, questionando provas e jurisdição. Já a acusação vai apresentar seu quebra-cabeça de mensagens, gravações e depoimentos. Uma coisa é certa: os olhos do país, e do mundo, estão voltados para Brasília. O desfecho desse processo não vai definir apenas o futuro de oito homens, mas talvez marcar um precedente crucial para o Brasil pós-88. A semana promete.