
Foi um daqueles dias que ficam marcados na memória do Judiciário. Na tarde desta quinta-feira, o plenário do Supremo Tribunal Federal viveu momentos de pura emoção enquanto o ministro Luis Roberto Barroso conduzia, pela última vez, uma sessão como presidente da corte.
Dois anos se passaram — parece até mais, considerando tudo que aconteceu no país — e agora chegava a hora da despedida. O ar estava pesado, mas ao mesmo tempo solene. Barroso, com aquela serenidade que lhe é característica, comandou os trabalhos com a maestria de quem conhece cada fio desse tapete vermelho.
Um balanço que vai além dos números
Ah, os números… São importantes, claro. Durante sua gestão, o Supremo julgou nada menos que 130 mil processos. Impressionante, não? Mas o legado de Barroso vai muito além disso. Quem acompanha o dia a dia do tribunal sabe que ele trouxe uma oxigenação necessária, um sopro de modernidade para uma instituição que muitas vezes parece presa no século passado.
Ele mesmo fez questão de destacar, com aquela voz pausada que tanto conhecemos: “Foram dois anos intensos, desafiadores, mas extremamente gratificantes”. E completou, como quem faz uma confissão: “Deixo o cargo com a sensação de dever cumprido”.
Os marcos que definiram sua gestão
- Modernização digital: O tribunal finalmente entrou de vez no século XXI com processos eletrônicos
- Transparência: Mais audiências públicas, mais prestação de contas à sociedade
- Agilidade: Redução significativa do estoque de processos pendentes
- Diálogo: Abertura para conversar com outros poderes — quando necessário
Não foi fácil, longe disso. Barroso enfrentou tempestades políticas que fariam qualquer um hesitar. Críticas de todos os lados, pressões que testariam o caráter de qualquer jurista. Mas ele manteve a postura, sempre elegante, mesmo quando discordavam veementemente dele.
O que vem pela frente?
Agora, a bola da vez passa para o ministro Luís Edson Fachin, que assume a presidência na próxima sexta-feira. Uma transição tranquila, como deve ser num Estado Democrático de Direito. Barroso já adiantou que vai continuar atuando como ministro — afinal, ainda tem muito trabalho pela frente no plenário.
O curioso é que essa despedida da presidência acontece justamente quando Barroso completa 10 anos como ministro do STF. Uma década! Tempo suficiente para deixar marcas profundas na jurisprudência brasileira.
Enquanto isso, lá fora, o sol se punha sobre Brasília. Simbólico, não? O plenário aos poucos esvaziava, os ministros se cumprimentavam, e Barroso recolhia seus papéis. Fim de um ciclo, início de outro. A Justiça brasileira segue seu curso, mas esta quinta-feira ficará registrada como um daqueles momentos em que a história respira fundo antes de virar a página.