Não é todo dia que uma simples fotografia consegue resumir o clima gelado de uma sala cheia de líderes mundiais. Mas essa terça-feira, 23 de setembro, na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, foi diferente. A câmera flagrou o ex-presidente americano Donald Trump — hoje figura central no Partido Republicano — com um olhar penetrante, quase cirúrgico, direcionado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no exato instante em que o brasileiro discursava.
E que discurso! Lula, conhecido por não economizar nas palavras quando o assunto é política externa, partiu para um ataque direto — sem meias-palavras — ao que chamou de "visão ultrapassada e perigosa" representada pelo que muitos entendem ser justamente a cartilha de Trump. A ironia? O alvo estava ali, a poucos metros, ouvindo cada sílaba.
O teor do embate verbal que ecoou pelo salão
O ponto de ignição, segundo analistas que acompanhavam a sessão, foi a defesa ferrenha que Lula fez do multilateralismo e das instituições globais. Ele citou, especificamente, a necessidade de "fortalecer organismos como a própria ONU contra ventos isolacionistas". Uma facada fina, mas perceptível para quem conhece o histórico de críticas de Trump à organização.
Não parou por aí. O presidente brasileiro também tocou em feridas abertas:
- Mudanças climáticas: Lula defendeu ações "urgentes e coletivas", um tema que Trump repetidamente minimizou durante e após seu mandato.
- Pandemia e cooperação global: O brasileiro criticou a "politização de crises sanitárias" e a "falta de solidariedade entre nações".
- Economia mundial: Houve um claro apelo por comércio justo, em contraste com as políticas protecionistas associadas ao trumpismo.
O silêncio no plenário era tão denso que você quase podia cortar com uma faca. Enquanto isso, a expressão de Trump — aquela mistura de desdém e curiosidade — se tornou instantaneamente um meme nas redes sociais. Algo como "o olhar que diz mais que mil discursos".
E as consequências? O que isso significa na prática?
Bom, diplomatas ouvidos nos corredores do evento não disfarçaram a preocupação. Um embate tão público e pessoal entre duas figuras de tamanho peso político — mesmo que uma não esteja mais no governo oficialmente — joga uma pá de cal em qualquer expectativa de reaproximação fácil entre Brasil e Estados Unidos no curto prazo.
É aquela velha história: na política internacional, às vezes um gesto vale mais que um tratado. E essa troca de farpas, capturada em vídeo e foto, dificilmente será esquecida. Resta saber se esse frio na relação vai se refletir em acordos comerciais ou posicionamentos em votações importantes dentro da ONU. A sensação que fica é que o tabuleiro global ficou um pouco mais complexo depois dessa terça-feira.
Para o bem ou para o mal, Nova York foi palco de um daqueles capítulos de diplomacia que os livros de história provavelmente vão registrar. E nós, estamos aqui só tentando entender os desdobramentos.
