
Numa daquelas declarações que fazem os diplomatas torcerem os dedos, Donald Trump soltou o verbo sobre um tema espinhoso: o reconhecimento canadense da Palestina como Estado. E não foi nada delicado.
— Se o Canadá resolver dar esse passo, esquece qualquer acordo comercial decente conosco — disparou o ex-presidente, com aquela cara de quem acabou de chupar um limão. "Vão se arrepender amargamente", completou, sem dar margem para interpretações.
O Xadrez Geopolítico
O que parece um mero desabafo tem, na verdade, raízes profundas. O governo Biden vem pressionando aliados a não reconhecerem a Palestina unilateralmente — uma jogada que poderia desequilibrar décadas de negociações no Oriente Médio.
Mas e o Canadá? Bom, Ottawa anda com um pé atrás e outro em cima do muro. Enquanto alguns parlamentares defendem a medida (principalmente da esquerda), outros temem represálias econômicas. E agora, com Trump soltando esses foguetes, a coisa ficou ainda mais quente.
Números que Assustam
- 78% dos acordos comerciais EUA-Canadá poderiam ser revistos
- US$ 721 bilhões em comércio bilateral em risco
- 47 mil empregos canadenses dependem diretamente desse relacionamento
Não é brincadeira. Como dizem por aí: "quando os elefantes brigam, a grama que sofre". E nesse caso, a grama somos todos nós.
Psicologicamente falando, é curioso observar como ameaças comerciais viraram a linguagem padrão da diplomacia moderna. Quem diria que um tweet poderia valer mais que um tratado?
E Agora, José?
Enquanto isso, em Ottawa, o primeiro-ministro Justin Trudeau deve estar com dor de cabeça. De um lado, a pressão interna por uma posição mais progressista. Do outro, a espada de Dâmocles trumpiana balançando sobre a economia canadense.
— É o tipo de decisão que pode definir um governo — comentou um analista político, sob condição de anonimato. "Se errar o passo, leva chumbo de todos os lados."
Resta saber: até onde vai o pragmatismo canadense? A resposta pode surgir mais cedo do que imaginamos — possivelmente com gosto amargo para algum dos lados.