Tarifas de Trump podem aproximar Índia da China, alerta especialista
Tarifas de Trump aproximam Índia da China, diz especialista

Não é de hoje que as decisões econômicas dos EUA causam ondas pelo mundo — mas desta vez, o estrago pode ser estratégico. Segundo um analista atento aos ventos geopolíticos, as novas tarifas propostas por Donald Trump têm um efeito colateral inesperado: fazer a Índia, tradicionalmente cautelosa, dar passos largos em direção à China.

"É como ver um jogo de xadrez onde um movimento errado pode desequilibrar o tabuleiro inteiro", comenta o especialista, que prefere não ser identificado. A Índia, que sempre dançou conforme a música ocidental em termos comerciais, agora encara uma encruzilhada. Com os EUA fechando portas, quem diria, Pequim surge como parceiro improvável — mas quase inevitável.

Os números que assustam

Só no último trimestre, o volume comercial entre Índia e China cresceu 18%. Coincidência? Difícil acreditar. Enquanto Washington aumenta barreiras para produtos indianos — dos têxteis ao aço —, a China abre seus portos com descontos atraentes. "Eles estão jogando pão para os patos", brinca um economista de Délhi, referindo-se à estratégia chinesa de sedução econômica.

E o pior (ou melhor, dependendo do ponto de vista):

  • Setores tecnológicos indianos, antes alinhados com o Vale do Silício, agora recebem investimentos chineses recordes
  • Acordos bilaterais antes impensáveis — como cooperação em inteligência artificial — estão na mesa
  • Até no campo militar, tradicional reduto de desconfiança, há conversas preliminares sobre treinamentos conjuntos

O que dizem os bastidores

Fontes próximas ao governo Modi revelam um misto de pragmatismo e desconforto. "Prefiro negociar com um dragão conhecido do que com um tigre imprevisível", confessa um assessor, numa clara alusão às políticas erráticas de Trump. Já em Pequim, o clima é de contenção — mas não escondem certa satisfação velada. Afinal, quem não gosta de ganhar aliados sem esforço?

O fato é que o mundo multipolar ganha contornos mais nítidos a cada sanção americana. E desta vez, o efeito dominó pode redesenhar o mapa de influências na Ásia de forma irreversível. Resta saber: até onde Nova Délhi está disposta a ir nos braços de Pequim? A resposta, como tudo na geopolítica, está escrita a lápis — e sujeita a borraças.