
Parece um daqueles filmes em que o vilão acaba unindo os heróis. As últimas sanções impostas pelos Estados Unidos ao Irã — aquelas mesmas que deveriam isolar o país — podem estar tendo o efeito contrário. E o grande beneficiário? A China, é claro.
O jogo das sanções
Washington apertou o cerco contra Teerã na semana passada, com medidas que atingem setores-chave da economia iraniana. Mas aqui está o pulo do gato: enquanto os americanos fecham portas, os chineses estão lá, de portas — e carteiras — abertas.
"É quase um flerte geopolítico", comenta um analista que prefere não se identificar. "Quanto mais os EUA pressionam, mais o Irã se vira para o Oriente."
Números que falam
- Comércio sino-iraniano cresceu 18% no último ano
- China importou 1 milhão de barris diários de petróleo iraniano em julho
- Acordos bilaterais em energia e infraestrutura ultrapassam US$ 400 bilhões
Não é difícil entender o interesse chinês. O Irã tem duas coisas que a China precisa muito: petróleo barato e uma posição estratégica no Oriente Médio. E em tempos de tensão com o Ocidente, ter Teerã como aliado é como ter uma carta na manga.
Efeito dominó
O que pouca gente percebe é como essa dança a três — EUA, China e Irã — pode mudar o tabuleiro global. Se antes o Irã dependia mais da Europa, agora parece ter encontrado no gigante asiático um parceiro mais... digamos, flexível quanto a certas restrições internacionais.
Mas nem tudo são flores. Alguns especialistas alertam que essa relação pode esbarrar em interesses russos na região. Outros lembram que a China, pragmática como sempre, pode rever sua posição caso as sanções afetem seus próprios negócios.
Uma coisa é certa: enquanto Washington tenta isolar Teerã, Pequim vê uma oportunidade de ouro para expandir sua influência. E no xadrez global, isso pode significar um xeque-mate aos planos americanos na região.