
Numa dessas tardes em que o inverno russo já mostra suas garras, enquanto por aqui o café esfriava no Planalto, dois pesos-pesados da geopolítica mundial travaram um papo que pode mexer nos rumos das relações internacionais. Vladimir Putin, aquele que virou sinônimo de estratégia calculada, e Luiz Inácio Lula da Silva, o mineiro de voz rouca que reconquistou o poder, bateram um longo telefone nesta segunda (18).
Não foi só "alô, tudo bem?" — a conversa rendeu. Fontes próximas ao Itamaraty contam que os dois discutiram desde acordos comerciais (sim, nosso agronegócio está de olho no trigo russo) até aquele elefante na sala: o conflito na Ucrânia. Lula, sempre com seu jeito de negociador nato, teria defendido uma solução pacífica, enquanto Putin — adivinhem? — manteve sua narrativa de sempre.
O que estava em jogo?
Olha só:
- Comércio bilateral: A Rússia quer nosso café, suco de laranja e, claro, carne. Nós? Energia e fertilizantes estão no topo da lista.
- BRICS: Aquele clube dos emergentes que anda meio esquecido pode ganhar novo fôlego com a presidência russa do grupo em 2025.
- Geopolítica: Com os EUA de olho, o Brasil tenta equilibrar-se na corda bamba entre Ocidente e Oriente.
"Foi uma conversa franca", definiu um assessor presidencial que pediu para não ser identificado. Franca, no linguajar diplomático, quase sempre significa "teve discordância, mas ninguém saiu batendo a porta".
E a Ucrânia?
Ah, essa dança complicada! Enquanto o Kremlin insiste em chamar a guerra de "operação especial", Lula — que já foi chamado de "pacifista inconveniente" por europeus — repetiu seu mantra: "Precisamos de uma mesa de negociação". Difícil, né? Mas convenhamos: se tem alguém que pode falar com os dois lados sem ser recebido a pedradas, é o nosso experiente ex-sindicalista.
Curiosidade: o horário da ligação foi cuidadosamente escolhido — 11h em Brasília, 17h em Moscou. Nem tão cedo que atrapalhasse o café da manhã do presidente russo, nem tão tarde que interferisse no almoço do brasileiro. Detalhes que fazem a diferença na alta diplomacia.
E agora? O Itamaraty já sinaliza que o encontro presencial pode rolar em breve, talvez na próxima cúpula do G20. Enquanto isso, os analistas se perguntam: será que o Brasil, com seu histórico de não-alinhamento, pode mesmo ser ponte nesse conflito que divide o mundo? A resposta, como diria um velho diplomata, "depende do dia e do humor dos chefões".