
Eis que Benjamin Netanyahu, num daqueles movimentos que deixam a comunidade internacional de cabelos em pé, acaba de dar luz verde a um polêmico plano de assentamentos na Cisjordânia. E não foi por acaso – a declaração que acompanhou a decisão soou como um martelo: "Nunca haverá um estado palestino".
Não se trata apenas de mais um capítulo nesse conflito interminável. É, na verdade, uma guinada dramática na política israelense. O primeiro-ministro, que sempre dançou entre ambiguidades estratégicas, agora parece ter jogado a máscara fora.
O que exatamente foi aprovado?
O pacote – porque não é apenas uma medida isolada – inclui a legalização de três assentamentos anteriormente considerados ilegais até pelo governo israelense. Mais de 3.500 novas unidades habitacionais estão previstas. É gente morando onde, segundo o direito internacional, não deveriam.
Mas o verdadeiro terremoto foi retórico. Netanyahu não se contentou em aprovar construções. Ele explicitamente rejeitou a solução de dois estados, que sempre foi o pilar – pelo menos no discurso – das negociações de paz.
As reações imediatas
Do outro lado, a Autoridade Palestina não ficou quieta. Eles classificaram a medida como "uma guerra declarada contra os direitos do povo palestino". Não é exagero retórico – na prática, esses assentamentos fragmentam ainda mais um território já esfacelado.
E os Estados Unidos? Ah, os americanos… Biden, que já tinha relações tensas com Netanyahu, agora enfrenta um dilema estratégico. Como continuar apoiando um aliado que vai na contramão da própria política externa norte-americana?
O contexto que muitos ignoram
Não é coincidência que essa medida venha agora. Netanyahu enfrenta processos judiciais por corrupção e precisa agradar à base mais radical de seu governo. A questão palestina sempre foi útil para desviar atenção de problemas domésticos.
Além disso, a normalização de relações entre Israel e países árabes nos últimos anos – os Acordos de Abraão – deu a Netanyahu a sensação de que pode se dar ao luxo de ignorar os palestinos. Será?
E agora?
O futuro imediato parece sombrio. Com a retórica inflamada de ambos os lados, a violência pode escalar rapidamente. A Faixa de Gaza, sempre um barril de pólvora, pode explodir a qualquer momento.
E a comunidade internacional? Provavelmente se limitará a condenações verbais – como sempre. Enquanto isso, no terreno, os fatos se consolidam. E cada casa construída em assentamento ilegal é mais um prego no caixão da solução de dois estados.
Resta saber se essa postura intransigente trará estabilidade para Israel ou se, pelo contrário, enterrará de vez qualquer esperança de paz na região. A história, como sempre, se encarregará de julgar.