Lula defende soberania do Brasil na ONU em discurso que ecoa tensões com EUA
Lula na ONU condena ataques à economia brasileira

Do alto do púlpito das Nações Unidas, Lula teceu críticas afiadas nesta segunda-feira. E olha, a mensagem foi tão direta que dispensou nomes próprios. O presidente brasileiro — num daqueles movimentos que misturam diplomacia com firmeza — condenou com todas as letras o que chamou de "ataques às instituições brasileiras" e à nossa economia.

Numa sala repleta de líderes mundiais, o tom era de quem desenha linhas no mapa. "A soberania nacional não é moeda de troca", disparou ele, num recado que, convenhamos, soou como resposta às recentes ameaças de tarifas contra o Brasil vindas do Norte. Curioso: nem Trump nem "tarifaço" foram mencionados. Mas a plateia entendeu o recado.

Um discurso que fala por códigos

O cerne da fala girou em torno de dois pilares: a defesa intransigente da democracia — que pra ele "não se negocia" — e a autonomia econômica do país. Lula foi cirúrgico ao afirmar que "nações soberanas não aceitam interferências" em seus assuntos internos. E cá entre nós, a timing não poderia ser mais estratégico.

O que mais chamou atenção, porém, foi a arquitetura retórica. Ao evitar confronto direto, o presidente optou por whataboutisms elegantes — lembrando que o Brasil também tem suas "verdades inconvenientes" sobre comércio global. "O multilateralismo não pode ser seletivo", arrematou, numa clara alusão às políticas unilaterais que têm ganhado espaço.

Repercussão e leituras entre linhas

Analistas que acompanharam o discurso notaram um Lula mais contido, mas não menos incisivo. A escolha por generalizar as críticas, em vez de personalizá-las, revela uma estratégia madura — ou talvez calculista. Afinal, como ele mesmo sugeriu, "em diplomacia, às vezes o silêncio entre as palavras fala mais alto".

E não foram apenas questões econômicas que ocuparam o centro das atenções. O presidente dedicou boa parte de sua fala à defesa das instituições democráticas, num momento em que o Brasil ainda digere eventos recentes que testaram sua resiliência política. "Democracia se fortalece com respeito, não com pressão externa", sentenciou, arrancando aplausos demorados.

O que fica claro, no fim das contas, é que o Brasil — através da voz experiente de seu presidente — está redesenhando seu posicionamento no xadrez global. E parece disposto a pagar para ver.