
Numa daquelas falas que não deixam margem para dúvidas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi direto ao ponto esta segunda-feira. A posição do Brasil? Manter a porta escancarada para o diálogo na conturbada situação venezuelana. E quanto à Ucrânia? Nem pensar em solução pelas armas.
Falando como quem já viu muita coisa nestas andanças pelo poder – e pela vida –, Lula deixou claro que a via do bate-papo, por mais difícil que pareça, é insubstituível. "Temos que manter a via do diálogo aberta na Venezuela", afirmou, com aquela convicção que só anos de articulação política conferem. Parece óbvio, mas num mundo que cada vez mais apela para o grito e o murro, a fala soa quase como um manifesto de resistência.
Ucrânia: Um Caminho Sem Saída Militar
E não parou por aí. O presidente foi enfático ao analisar o conflito que há anos consome a Europa Oriental. "A guerra na Ucrânia não terá solução militar", crava Lula, numa avaliação que ecoa o cansaço de quem observa o impasse de longe. Ele praticamente desenha: por mais tanques e mísseis que se enviem, a paz só virá quando as partes se sentarem à mesa. Uma verdade dura, daquelas que machucam, mas que precisa ser dita.
O tom do discurso não foi de neutralidade morna, mas de um realismo pragmático. Afinal, o que ganhamos com mais anos de destruição? A pergunta ficou no ar, sem resposta fácil. A posição brasileira, assim, se firma como um farol de sensatez num mar de radicalismos.
O Brasil no Tabuleiro Global
O que salta aos olhos – e aos ouvidos – é a tentativa clara de reposicionar o país como um mediador confiável. Lula parece estar reconstruindo, tijolo por tijolo, a ponte diplomática que liga o Brasil aos grandes conflitos do nosso tempo. É uma aposta arriscada, sem dúvida. Mas alguém duvida que ele gosta de um bom desafio?
O recado, no fim das contas, é cristalino: o Brasil está de volta ao jogo das grandes conversas internacionais. E trará na bagagem a velha e boa cartilha do diálogo. Resta saber se o mundo ainda tem ouvidos para escutar.