
Nova York nunca é apenas Nova York quando a ONU vira palco — e desta vez, quem roubou a cena foi Janja Lula da Silva, com uma escolha de guarda-roupa que falou mais alto que muitos discursos. A primeira-dama do Brasil apareceu na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas usando um casaco estampado com um bordado tradicional palestino, e cá entre nós: não foi por acaso.
O tal casaco, um modelo elegante em tons terrosos, trazia sobre o tecido aqueles desenhos geométricos que qualquer um que acompanha a questão do Oriente Médio reconhece na hora. E não era discreto — era proposital. Enquanto líderes mundiais desfilavam por ali, Janja caminhava com naturalidade, mas carregando nas costas uma mensagem que dispensava microfone.
Um gesto que ecoa além do tecido
Não é a primeira vez, claro, que a primeira-dama usa a moda como linguagem. Dessa vez, porém, o timing e o lugar amplificaram o gesto. A Assembleia Geral da ONU é, convenhamos, o cenário perfeito para quem quer ser visto — e entendido. E ela sabia disso.
O bordado palestino, conhecido como tatriz, é mais do que um adorno: é resistência, identidade, história. Usá-lo em um evento daquela magnitude, no mesmo ano em que o governo Lula tem reforçado seu posicionamento crítico em relação a Israel… bem, isso não é mera coincidência, não é?
Repercussão imediata e olhares atentos
Nas redes, a imagem correu rápido. De um lado, apoiadores elogiando a «coragem simbólica». De outro, críticos acusando a atitude de ser um ato de provocação internacional. E no meio disso tudo, a imprensa internacional não perdeu a chance de noticiar: a primeira-dama do Brasil, com seu casaco falante, virou pauta.
Não houve pronunciamento oficial — nenhuma nota do Planalto, nenhum post explicativo. Apenas a imagem, o contexto e a interpretação de cada um. Às vezes, a política também se veste de silêncio.
Moda como bandeira: uma tradição que persiste
Lembram quando Michelle Obama usava vestidos de estilistas jovens para mandar mensagens de apoio à economia criativa? Ou quando Jacinda Ardern apostou em um Māori cloak em eventos oficiais? Pois é — Janja parece seguir na mesma linha, mas com um recorte mais agudo, mais conectado com a política externa do marido.
E não é de hoje. Ela já apareceu antes com uma pulseira com as cores da bandeira palestina, e Lula, em discursos, tem sido incisivo na defesa de um Estado palestino. Tudo se encaixa como peça de quebra-cabeça.
Resta saber como Israel e outros países vão reagir a mais esse capítulo da diplomacia das aparências — porque, convenhamos, na ONU, até a gola de um casaco pode virar tratado não escrito.