
O barril de pólvora no Oriente Médio pode estar prestes a ganhar mais uma faísca. Bezalel Smotrich, ministro das Finanças de Israel — sim, aquele mesmo da extrema-direita que nunca economiza nas declarações bombásticas — soltou uma bomba verbal que ecoou desde Jerusalém até as redações do mundo inteiro.
Numa daquelas entrevistas que deixam diplomatas de cabelo em pé, o político falou em "reassentamento" e — segurem seus chapéus — "anexação" de partes da Faixa de Gaza. Não, você não leu errado. Ainda que o governo israelense insista que não há planos oficiais nesse sentido, a fala acendeu um debate que parecia enterrado.
O que exatamente foi dito?
Smotrich, que parece ter um talento especial para falar o que não deve, declarou ao jornal Israel Hayom:
- Que os colonos israelenses deveriam voltar a Gaza (algo que não acontece desde 2005)
- Que partes do território poderiam ser anexadas
- Que o futuro da região passa por um "controle israelense"
Não é como se fosse a primeira vez que ele solta essas ideias — o cara é conhecido por defender assentamentos até na Lua, se deixarem. Mas a timing, como dizem os gringos, é no mínimo suspeita.
Por que isso importa agora?
Num momento em que:
- A guerra completa 8 meses com milhares de mortos
- As negociações de paz patinam
- A comunidade internacional pressiona por uma solução de dois Estados
... soltar uma declaração dessas é como jogar gasolina na fogueira. Até aliados tradicionais de Israel devem estar coçando a cabeça agora.
Ah, e detalhe: Smotrich não é qualquer um no governo Netanyahu. Ele é peça-chave da coalizão — sem ele, o governo cai. Coincidência? Difícil acreditar.
As reações internacionais
Enquanto isso, do outro lado do oceano:
- A Casa Branca deve ter derrubado uns três cafés ao ler a notícia
- A UE emitiu seu tradicional "profunda preocupação"
- Os países árabes já começaram a preparar notas de repúdio
E o Hamas? Bom, eles devem estar usando a declaração como material de recrutamento neste exato momento. Afinal, nada como um discurso anexacionista para validar a retórica de resistência, não é mesmo?
O que me faz pensar: será que alguém avisou ao Smotrich que estamos em 2024, não nos anos 1960? Porque esse papo de "terra sem povo para um povo sem terra" já estava meio caduco mesmo antes do TikTok existir.
E agora?
O porta-voz do governo israelense correu para dizer que "não há planos oficiais" — mas convenhamos, quando um ministro desse nível fala, a coisa já saiu do controle. Principalmente porque:
- O exército ainda controla partes de Gaza
- Os assentamentos na Cisjordânia continuam crescendo
- A direita israelense nunca escondeu suas ambições territoriais
Para completar, a Autoridade Palestina — já fragilizada — agora enfrenta mais um desafio à sua já duvidosa relevância. Se Israel começar a anexar pedaços de Gaza, o que sobra para um futuro Estado palestino? Um quebra-cabeça com metade das peças sumidas?
Uma coisa é certa: o conflito israelo-palestino parece longe de acabar. E declarações como essa só jogam mais lenha na fogueira de um incêndio que já dura décadas.