
Pois é, meus caros. A gente até se revolta, faz discurso inflamado, mas no frigir dos ovos a realidade é bem mais complicada do que parece. Enquanto as redes sociais fervilhavam com a notícia da prisão dos apoiadores de Bolsonaro em Washington, um detalhe crucial passou despercebido: nossa dependência dos americanos segue firme e forte.
O Brasil – pasmem – ainda precisa pedir permissão aos Estados Unidos para conseguir credenciamento junto às Nações Unidas. Isso mesmo que você leu. Uma soberania que tropeça na burocracia dos vistos diplomáticos.
O jogo diplomático: entre a retórica e a realidade
O Itamaraty soltou seu comunicado padrão, daqueles bem diplomáticos, expressando «profunda preocupação» com a detenção dos brasileiros. Mas, entre linhas, dava pra sentir um certo cuidado para não escalar o conflito. Afinal, como bem lembrou um embaixador aposentado que preferiu não se identificar, «não se cutuca a onça com vara curta» quando se depende do visto americano para tudo.
E a situação é mesmo paradoxal. De um lado, o governo Lula tenta manter uma postura crítica em relação aos EUA. Do outro, precisa engolir seco e seguir o protocolo, porque Washington controla o acesso à sede da ONU. Ironia das grandes, não?
Os bastidores que não saem no jornal
Fontes do Palácio do Itamaraty revelam – sob anonimato, claro – que a ordem foi clara: manifestar descontentamento, mas sem queimar pontes. O cálculo político é delicado. Brigar feio com os americanos poderia complicar desde negociações comerciais até… adivinhem? Os tais vistos para representantes brasileiros na ONU.
Não me entendam mal. Não se trata de submissão, mas de pragmatismo puro. No xadrez internacional, algumas peças simplesmente valem mais que outras. E o poder de veto americano – tanto no Conselho de Segurança quanto na emissão de vistos – é uma dessas peças.
E o que isso significa na prática?
- Diplomatas brasileiros precisam engolir sapos vez ou outra
- O discurso anti-EUA precisa ser dosado com cuidado
- Nosso lugar no mundo ainda depende de benesses alheias
Duro admitir, mas é a pura verdade. Aquele papo de «soberania nacional» soa lindo nos discursos, mas esbarra na realidade cinzenta das relações internacionais.
O futuro incerto das relações Brasil-EUA
Com as eleições americanas se aproximando, a situação pode ficar ainda mais complicada. Um eventual governo Trump – que já demonstrou pouca paciência com organismos multilaterais – poderia usar os vistos como moeda de troca política. Assustador? Um pouco.
Enquanto isso, seguimos nesse tango desconfortável: criticamos quando convém, mas baixamos a cabeça quando necessário. Afinal, como diz o ditado, «contra fatos não há argumentos» – e o fato é que precisamos desses malditos vistos.
No final das contas, a lição que fica é amarga, mas necessária: no cenário global, idealismo é luxo que poucos podem se dar ao luxo de ter. O resto dança conforme a música – mesmo quando desafina.