
Numa cena que parece saída de um roteiro de filme político, o plenário do Congresso virou palco de um protesto que misturou teatro mudo com resistência democrática. Parlamentares da oposição — aqueles que ainda sobram no cenário atual — decidiram que palavras não bastavam.
E foi assim, com esparadrapo na boca e coragem nas veias, que ocuparam as mesas principais do plenário. Um silêncio ensurdecedor, mas que falava mais alto que qualquer discurso inflamado.
O protesto que virou símbolo
Não era um dia comum em Brasília. Enquanto turistas tiravam fotos no Eixo Monumental, dentro do Congresso a temperatura política beirava o insuportável. Os parlamentares chegaram devagar, quase em câmera lenta, cada um carregando seu rolo de fita adesiva como se fosse uma bandeira.
"É pra calar a oposição? Então tá calada" — parece ser a mensagem irônica por trás do ato. Alguns chegaram a escrever frases nos esparadrapos, transformando a censura autoimposta em tela de protesto.
Reações que dividem o país
Do lado de fora, os ânimos se dividiam como sempre:
- Apoiadores do ex-presidente viram heroísmo onde outros viram teatralidade
- Especialistas em direito constitucional debatem se o protesto fere o regimento interno
- Nas redes sociais, memes e discussões acaloradas tomam conta do trending topics
E no meio disso tudo, uma pergunta que não quer calar: até onde vai a liberdade de expressão quando o sistema parece engolir seus críticos?
O clima no plenário — segundo relatos de quem estava lá — oscilava entre tensão e certa comicidade involuntária. Afinal, ver políticos deliberadamente calados é algo que parte da população brasileira provavelmente nunca imaginou presenciar.
O que está em jogo?
Por trás da cena pitoresca, uma crise institucional séria. A prisão do ex-presidente abriu feridas que pareciam cicatrizadas (ou pelo menos esquecidas). E agora, com as eleições municipais no horizonte, o protesto pode ser o primeiro capítulo de uma nova fase conturbada na política nacional.
Enquanto isso, nas ruas, o cidadão comum se divide entre o cansaço e a perplexidade. "Já virou novela", comentou uma vendedora de cachorro-quente que preferiu não se identificar. E talvez ela tenha resumido melhor que qualquer analista político.