Ironia política: Como Eduardo Bolsonaro, sem querer, virou o maior aliado de Lula no Planalto
Eduardo Bolsonaro vira aliado involuntário de Lula

Quem diria, hein? O que era pra ser um ataque virou um presente embrulhado com laço de oposição. Eduardo Bolsonaro, o deputado que carrega no sobrenome o peso de ser filho do ex-presidente, tem feito um trabalho — involuntário, diga-se — que deixaria qualquer marqueteiro de Lula com inveja.

Parece piada pronta, mas é a pura verdade. Enquanto tenta atacar o atual governo, suas declarações bombásticas e posturas radicais acabam por contrastar tanto com o discurso moderado de Lula que, sem querer, pintam o presidente como a voz da razão. Ironicamente, o herdeiro bolsonarista virou o melhor cartão de visitas do adversário.

O tiro que saiu pela culatra

Não é de hoje que Eduardo mete os pés pelas mãos. Mas nos últimos meses, a frequência dos "autogoles" políticos tem sido impressionante. Quando ele fala em "radicalizar", Lula parece conciliador. Quando ele ataca instituições, o presidente aparece como defensor da democracia. Até os aliados do Planalto cochicham: "É como se ele trabalhasse pra gente".

E olha que não é pouco. Nas redes sociais, nos plenários, nas entrevistas — cada investida do deputado gera um efeito reverso que até os cientistas políticos se coçam para estudar. "É caso de manual", comenta um assessor do governo, tentando disfarçar o sorriso.

O jogo das expectativas

O que acontece aqui é pura psicologia política. Com Eduardo ocupando o extremo do espectro, qualquer movimento de Lula para o centro parece moderado — mesmo quando não é. É como se o presidente estivesse numa gangorra, e o deputado, sem querer, sentasse do lado oposto para equilibrar.

E não para por aí. Até nas pautas econômicas o fenômeno se repete. Enquanto o governo tenta emplacar reformas complexas, as declarações inflamadas do oposicionista desviam o foco e reduzem a pressão. Convenhamos: é difícil criticar um imposto quando alguém está defendendo a volta da ditadura no mesmo debate.

Os especialistas até brincam: se fosse um esquema planejado, seria genial. Mas como é pura coincidência — ou incompetência política —, vira comédia. Trágica para alguns, é verdade.

E agora?

O curioso é que ninguém no Planalto ousa reclamar. Afinal, qual governo não gostaria de um oposicionista que, sem querer, faz seu marketing melhor que o próprio marketing? Resta saber até quando essa dinâmica vai durar — e se a oposição vai acordar para o jogo involuntário que seu membro mais barulhento está jogando.

Enquanto isso, Lula deve estar lá, fumando seu charuto e pensando: "Deus escreve certo por linhas tortas". Ou, no caso, por tuítes e declarações tortas de seu "melhor inimigo".