Lula destaca avanços no combate à fome em evento histórico: 'Brasil não pode esperar'
Lula reforça combate à fome em evento dos 20 anos do Fome Zero

Numa cerimônia que misturou emoção e números concretos, o presidente Lula fez discurso contundente nesta terça-feira (5). O evento — que completou duas décadas do programa Fome Zero — virou palco para um balanço otimista, porém sem pieguice. "Tem gente que acha que combater a fome é esmola. Não é. É direito básico", disparou, com aquela voz rouca de quem já viveu na pele o drama da insegurança alimentar.

Números que falam (e doem)

Os dados apresentados são, de fato, para fazer pensar. De 2023 pra cá, 21 milhões de brasileiros saíram do mapa da fome. Parece muito? É. Mas ainda sobram 15,5% da população que não sabe se terá comida amanhã — um paradoxo num país que é celeiro do mundo.

"Não dá pra comemorar como se fosse vitória final", admitiu o ministro do Desenvolvimento Social, esfregando os olhos cansados. A plateia, cheia de agricultores familiares e cozinheiras de restaurantes populares, concordou com murmúrios.

O que mudou na prática

  • Cartão Alimentação: benefício aumentado em 43%
  • Restaurantes populares: 127 novos unidades em construção
  • Cesta básica digital: teste em 5 capitais

Mas tem um detalhe que pouca gente nota: o combate à fome virou política de Estado, não de governo. "Isso aqui não é bandeira de partido", lembrou Lula, quase sussurrando. A frase ecoou no salão cheio de gente que, diga-se, vestia de todas as cores políticas.

No meio do discurso, uma pausa inesperada. O presidente contou como, nos anos 50, sua mãe fazia "mingau de vento" quando a despensa estava vazia. A plateia riu, mas era riso amargo. Quem nunca inventou comida pra enganar a barriga?

Os próximos passos (e os tropeços)

O plano é ambicioso: erradicar a fome até 2030. Só que os ventos não estão totalmente favoráveis. Com a crise global, o custo dos alimentos subiu 14% no último ano. E tem o Congresso, que sempre ameaça cortar verbas sociais.

"Vamos brigar por cada centavo", prometeu a ministra, com unhas pintadas de vermelho — cor de luta. Do lado de fora, caminhões do Conab descarregavam sacas de arroz e feijão. Simbólico? Talvez. Necessário? Com certeza.

No final, uma surpresa: Lula chamou ao palco três gerações de uma mesma família. A avó, que viveu o Fome Zero original. A filha, beneficiária do Bolsa Família. E o neto, hoje estudante de nutrição. "Esse é o Brasil que a gente quer", arrematou, emocionado. E a plateia, dessa vez, não se conteve: aplaudiu de pé.