
Numa jogada que pegou muitos de surpresa, o presidente Lula deixou claro que não está fechado numa torre de marfim. Pelo contrário — mostrou os dentes (no bom sentido) ao afirmar que está aberto a conversar sobre as tarifas que tanto têm dado dor de cabeça aos setores produtivos.
"Tá difícil? Vamos sentar, bater um papo reto", parece ter sido o tom do recado. Mas calma lá, não é convite pra festa na piscina. O governo deixa claro que qualquer mudança terá que passar pelo crivo do equilíbrio fiscal — aquela velha história de não querer afundar o barco pra pescar sardinha.
O jogo das cadeiras tarifárias
Nos bastidores, os economistas já estão com as calculadoras fumegando. De um lado, a indústria pressiona por alívio nos custos. Do outro, o Ministério da Fazenda lembra que cada real a menos nos cofres públicos precisa ser compensado em outro lugar.
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Nessa ciranda de interesses, Lula parece estar fazendo o que sabe de melhor: jogar de ladinho. Nem radicalismo ideológico, nem entreguismo ao mercado. Uma linha tênue que, convenhamos, requer mais equilíbrio que corda bamba no circo.
E os números?
Pois é, aí mora o dragão. Segundo fontes próximas ao Planalto, a equipe econômica já tem na gaveta pelo menos três cenários de ajuste. Nada ainda definido — até porque, como diria meu avô, "promessa de político e céu de brigadeiro...".
Mas o sinal verde para o diálogo já acendeu a luz amarela nos mercados. Especialistas ouvidos (aqueles que não estão com a cabeça enfiada em planilhas) veem com bons olhos a disposição ao debate, ainda que alertem: "O diabo mora nos detalhes — e nos prazos".