
O clima nos círculos empresariais paulistas está, digamos, bastante peculiar ultimamente. Uma sensação de desconforto que vai além dos números econômicos ou das projeções de mercado. O que está em jogo aqui é algo mais fundamental: a relação entre o governo estadual e quem movimenta a economia.
E o centro dessa tempestade? Nada mais, nada menos que o próprio governador Tarcísio de Freitas.
O Descontentamento que Sai das Salas de Reunião
Conversas reservadas com executivos de primeira linha revelam um padrão preocupante. E não, não é sobre impostos ou burocracia – pelo menos não diretamente. É sobre tom. É sobre postura. É sobre aquela sensação de que o barco está sendo balançado sem necessidade.
"Está ficando difícil defender ele internamente", confessa um CEO de grande conglomerado, pedindo anonimato (óbvio). "Cada declaração mais radical é um tiro no pé. E no nosso também."
Da Euforia à Preocupação em Menos de Dois Anos
Lembram daquela euforia inicial? Aquele cheiro de mudança que animou tanto o mercado? Pois é. A realidade é que o discurso agressivo e as investidas contra instituições estão cansando até os mais otimistas.
Um banqueiro veterano, desses que já viram governantes irem e virem, resume com uma pitada de ironia paulista: "Ele acha que governar é likear publicação de blogueiro bolsonarista. Governar São Paulo requer mais do que isso".
Os Números que Não Mentem (Mas que Assustam)
Uma pesquisa recente com 150 executivos – gente que realmente decide investimentos – mostra que:
- 68% consideram o governo atual "imprevisível"
- 52% acham que o ambiente de negócios piorou nos últimos meses
- Apenas 27% ainda defendem publicamente o governador
Isso é grave. Muito grave.
O Fantasma do Isolamento Político
O pior cenário? Tarcísio perder não apenas o apoio empresarial, mas também a capacidade de articular no Congresso. Sem essa dupla sustentação, qualquer governo vira um navio à deriva. E São Paulo merece mais do que isso.
Um ex-ministro me disse ontem, entre um gole de café e outro: "Ele está queimando pontes num ritmo alarmante. E pontes não se reconstroem da noite para o dia".
O que Esperar do Futuro Próximo?
A pergunta que não quer calar: tem volta? Alguns acreditam que sim, desde que haja uma mudança real de postura. Outros já consideram a relação irremediavelmente danificada.
O fato é que o relógio está correndo. E cada nova polêmica desnecessária é mais um prego no caixão de uma relação que prometia tanto.
Como bem definiu uma empresária do setor de tecnologia: "A gente queria um administrador. Estamos recebendo um palhaço de rodeio. E São Paulo não é rodeio".
Duro? Sim. Mas quando o dinheiro e os empregos estão em jogo, as palavras tendem a perder a delicadeza.