
Numa reação que mistura indignação e pragmatismo, o governador Elmano de Freitas (PT) soltou o verbo nesta quinta-feira (1°) sobre a nova tarifa imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. "Isso é um tiro no pé do comércio internacional", disparou, sem papas na língua.
O tom era de quem não engole desaforo: enquanto segurava uma pasta com dados alarmantes, o chefe do Executivo cearense detalhou como a taxação de 20% sobre frutas e castanhas vai sacudir a economia local. "Temos 37 municípios que dependem diretamente dessa cadeia produtiva", explicou, com a voz carregada de urgência.
O pacote de medidas
Num movimento que parece antecipar a crise, o governo estadual anunciou três eixos de ação:
- Linhas de crédito com juros simbólicos para exportadores
- Rodadas de negociação com mercados alternativos (Ásia e Oriente Médio em foco)
- Subsídios temporários para transporte e logística
Não foi só discurso. O secretário da Fazenda, Rafael Fonteles, já marcou reunião com líderes empresariais para segunda-feira. "Vamos botar a mão na massa antes que o prejuízo vire bola de neve", adiantou um assessor que preferiu não se identificar.
O outro lado do oceano
Enquanto isso, em Washington, a justificativa americana soa como música desafinada para os produtores do Nordeste: "Proteção ao mercado interno". Ironia das ironias, o Ceará exporta justamente o que os EUA não produzem em escala - manga e caju premium.
Especialistas ouvidos pela reportagem divergem. Uns veem retaliação velada, outros falam em efeito dominó de guerras comerciais globais. "O timing é péssimo", resmunga o economista Carlos Braga, lembrando que o estado mal se recuperou dos impactos da pandemia.
Nos armazéns de Juazeiro do Norte, a apreensão é palpável. "Essa taxa corta nosso fôlego", desabafa o agricultor Raimundo Nonato, enquanto empilha caixas de manga que talvez nunca cheguem ao mercado de Miami.