
Enquanto o mundo gira, o Brasil parece ter perdido o bonde da história — de novo. Enquanto Argentina, Coreia do Sul e até mesmo a União Europeia já garantiram acordos para escapar das temidas tarifas do aço e alumínio impostas por Donald Trump, nosso país segue como aquele convidado deslocado na festa, sem saber direito o que fazer com as próprias mãos.
O jogo das cadeiras comerciais
Trump, aquele sujeito que nunca foi exatamente um manual de diplomacia, está redistribuindo as cartas do comércio global com a sutileza de um trator. Países ágeis já se posicionaram: a Argentina, nossa vizinha que não perde uma, conseguiu uma cota de exportação de aço. A Coreia do Sul — pasmem — dobrou sua cota. E nós? Bem, nós estamos... conversando.
"É como assistir um jogo de xadrez onde o Brasil insiste em jogar damas", comenta um economista que prefere não se identificar, num daqueles suspiros que dizem mais que mil relatórios oficiais.
Os números que doem
- US$ 4,6 bilhões: valor das exportações brasileiras de aço e alumínio para os EUA em 2017
- 25%: tarifa atual sobre o aço brasileiro
- 10%: tarifa sobre o alumínio
- 0: número de acordos concretos fechados pelo Brasil até agora
Enquanto isso, no Planalto, o discurso oficial insiste que "as conversas estão avançando". Só que, no mundo real — aquele onde cifras viram empregos ou desempregos —, o relógio não para. A indústria nacional já sente o baque, com algumas empresas reduzindo produção e outras considerando demissões.
Por que estamos ficando para trás?
Ah, aí é que está o X da questão. Enquanto outros países chegaram à mesa de negociação com propostas concretas e estratégias claras, o Brasil parece ter apostado todas as fichas no "jeitinho" e no "depois a gente resolve". Resultado? Virámos o patinho feio das relações comerciais.
"Tem um cheiro de déjà vu nisso tudo", reflete uma diplomata aposentada, lembrando os tempos em que o país também dormiu no ponto durante negociações cruciais da ALCA. "A diferença é que agora as consequências podem ser mais imediatas — e dolorosas."
E enquanto o governo federal insiste que está tudo sob controle, lá no chão de fábrica a realidade é outra: "Cada dia que passa sem acordo é um prejuízo que não volta mais", desabafa o dono de uma metalúrgica em São Paulo, onde 20% dos funcionários já receberam aviso prévio.
Será que ainda dá tempo de virar esse jogo? Ou o Brasil vai acordar tarde demais — de novo?