Comitiva brasileira debate tarifas com parlamentares dos EUA: o que está em jogo?
Brasil e EUA travam batalha por tarifas em reunião estratégica

Numa jogada que pode definir os rumos do comércio exterior brasileiro nos próximos anos, uma delegação de peso desembarcou em Washington nesta terça-feira (29). O grupo — formado por especialistas em comércio exterior e representantes do agronegócio — encarou um dia maratona de reuniões com congressistas norte-americanos.

O clima? Tenso, mas produtivo. Afinal, quando o assunto são as tarifas que pesam sobre produtos brasileiros, cada centavo conta. "Estamos falando de cifras que impactam diretamente o bolso do produtor rural e, consequentemente, toda a cadeia econômica", comentou um dos participantes, que preferiu não se identificar.

O jogo das cadeiras giratórias

Enquanto isso, nos corredores do Capitólio, o vai-e-vem de assessores com pastas embaixo do braço denunciava a importância do encontro. Dizem por lá que alguns parlamentares chegaram a cancelar compromissos para participar das discussões — sinal claro de que o tema esquentou os ânimos.

Do lado brasileiro, a estratégia foi clara:

  • Apresentar dados concretos sobre como as atuais tarifas prejudicam ambos os países
  • Destacar oportunidades em setores como etanol e mineração
  • Propor um calendário de negociações mais ágil

Não foi fácil. Alguns congressistas americanos — especialmente os representantes de estados agrícolas — mostraram resistência inicial. "É aquela velha história: proteger os interesses locais em primeiro lugar", resmungou um dos diplomatas durante o coffee break.

O xadrez tarifário

O que muita gente não percebe é que essas discussões vão muito além de números em planilhas. Por trás de cada porcentagem negociada, há:

  1. Empregos que podem ser criados ou perdidos
  2. Cidades inteiras que dependem desses fluxos comerciais
  3. Até o preço daquele cafezinho que você toma de manhã

E aqui vai um detalhe curioso: fontes próximas às negociações revelam que o tema da sustentabilidade entrou na pauta de forma surpreendente. "Os americanos mostraram interesse em criar incentivos para produtos com certificação ambiental", contou um assessor, entre um gole de café e outro.

No final do dia, o saldo foi positivo — mas ninguém está cantando vitória antes da hora. Como bem lembrou um veterano dessas negociações: "Diplomacia comercial é como churrasco gaúcho — tem que ter paciência para deixar assar no ponto certo".