Zema é criticado por ausência em ato que marca 10 anos da tragédia de Mariana em MG
Zema ausente em ato pelos 10 anos de Mariana

Uma cerimônia emocionante que marcou os dez anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, foi palco de críticas contundentes do prefeito Guilherme Boulos ao governador Romeu Zema. O chefe do executivo mineiro não compareceu ao ato que relembrou uma das maiores tragédias ambientais da história do Brasil.

Cerimônia carregada de emoção e cobranças

Nesta quarta-feira (5), familiares das vítimas, sobreviventes e autoridades se reuniram no local do desastre para um ato ecumênico que misturou homenagens às 19 pessoas que perderam a vida com fortes cobranças por justiça e reparação integral.

Boulos, que participou da cerimônia, não poupou críticas à ausência do governador: "É lamentável que o governador do estado não esteja presente neste momento tão significativo. Mariana não é apenas uma página virada, é uma ferida aberta que precisa de atenção permanente do poder público", declarou o prefeito.

Uma década de lutas e memórias

O rompimento da barragem da Samarco, controlada pela Vale e BHP Billiton, ocorreu em 5 de novembro de 2015, causando:

  • 19 mortes confirmadas
  • Destruição completa do distrito de Bento Rodrigues
  • Contaminação de toda a bacia do Rio Doce
  • Impactos ambientais que perduram até hoje
  • Milhares de desabrigados e afetados

O rastro de destruição percorreu mais de 600 quilômetros até o oceano Atlântico, em um desastre que especialistas consideram irreversível para muitos ecossistemas atingidos.

As vozes das vítimas

Durante a cerimônia, sobreviventes e familiares compartilharam relatos emocionantes sobre a tragédia e os anos de luta que se seguiram. Muitos destacaram que, mesmo após uma década, as promessas de reconstrução e reparação integral não foram completamente cumpridas.

"A gente não esquece, a gente não perdoa. A dor continua viva em cada um de nós", declarou uma moradora que perdeu familiares no desastre.

O legado de Mariana e a sombra de Brumadinho

O desastre de Mariana expôs graves falhas na segurança de barragens no Brasil, mas não foi suficiente para evitar uma tragédia ainda maior em Brumadinho, três anos depois, quando 272 pessoas morreram no rompimento de outra barragem da Vale.

Especialistas apontam que as lições de Mariana não foram aprendidas, e que a falta de fiscalização adequada e a pressão por produção continuam colocando vidas em risco.

O ato em Mariana serve como um alerta para a necessidade de políticas públicas mais rigorosas e para a importância da memória coletiva na prevenção de futuras tragédias.